O dançarino Shannon Holtzapffel, 24 anos, nasceu na Holanda e se mudou cedo para a Austrália, onde começou a carreira artística ainda criança. Ele já desfilou para Calvin Klein, participou de um clipe de Britney Spears e acompanhou Janet Jackson no Video Music Awards, mas mal pode esperar para se ver na telona, ao lado de Michael Jackson, no documentário "This is it", cuja pré-estreia está marcada para terça-feira (27) em diversas partes do mundo. "Vai ser uma grande surpresa", diz um dos 11 bailarinos que participaram dos últimos ensaios para a temporada de 50 shows que o rei do pop faria em Londres a partir de julho.
"Eu estava na Austrália quando meu agente me ligou dizendo que eu tinha sido chamado para um teste com Michael Jackson", conta Shannon. "Peguei o primeiro voo de Sidney para Los Angeles. O teste durou três dias, havia centenas de dançarinos do mundo inteiro. A energia, a atmosfera era elétrica. Ver Michael Jackson fazer os movimentos e os passos de dança mais uma vez era um privilégio. Fiquei honrado e me senti muito sortudo por ter sido escolhido."
Segundo ele, Michael ia todos os dias aos ensaios, alguns meses antes de morrer, em 25 de junho. "Trabalhávamos seis dias por semana, oito horas por dia. Nas primeiras semanas ele nos deu bastante espaço e tempo para aprender as coreografias. Ele queria muito que nos sentíssemos confortáveis. E, quando nos reunimos, foi realmente mágico. Quando fui dançar pela primeira vez com ele, havia um ponto de luz vindo do teto, e Michael ficou bem abaixo dele. Eu fiquei pensando quem é esse cara? Uma vez que começamos a dançar, eu simplesmente me esqueci de tudo o que tinha aprendido. Fiquei olhando para ele, hipnotizado. Estar com Michael era inacreditável."
O rei do pop, diz Shannon, mantinha contato pessoal com os dançarinos o tempo todo. "Ele sempre dizia oi e tchau, sempre nos abraçava, mesmo quando apertávamos as mãos. Ele queria que fôssemos uma família, isso é o que o tornava tão especial. Ele tinha muito amor para dar a todos nós, e nos respeitava muito. Foi por isso que ele nos escolheu, ele apreciava nosso trabalho e o que acrescentávamos ao espetáculo."
Quando algo dava errado, Michael era paciente e perfeccionista. "Era incrível vê-lo dirigir a apresentação. Ele realmente sabia o que queria. Era muito mais inteligente e esperto do que as pessoas acham. Se você parar para pensar, Michael sabia tudo sobre a indústria. Era um gênio do entretenimento."
O maior desafio, segundo o artista, foi "perceber que estava dançando com o rei do pop". "Havia muita pressão, mas ele nunca nos deixava desconfortáveis. Eu só tenho 24 anos e ele tinha 50. Eu só pensava que tinha de dar o meu melhor. Estar perto dele era muito motivador e energizante. A aventura toda foi especial para mim, foi um sonho. Eu danço por causa dele. Ele dizia obrigado, deus te abençoe, eu te amo. Só de ouvir isso... Ele realmente gostava de cada um de nós e nos escolheu para ser a sua família."
Juntos, Michael Jackson e os dançarinhos ensaiaram cerca de 25 músicas para o espetáculo. "Fizemos todos os clássicos e até Dirty Diana, que ele nunca fazia [a canção lançada em 1988 havia sido retirada da turnê do álbum "Bad" a pedido do próprio Michael, que temia que a princesa Diana pudesse se sentir ofendida]. O show ia ser lindo. Era para os fãs, os filhos dele e para o mundo todo."
Shannon diz não ter notado qualquer alteração no estado de saúde do astro em seus últimos dias. "Não percebi absolutamente nada. Quando olho para trás, me pergunto se eu devia ter visto algum sinal e ter avisado. Eu teria feito alguma coisa. Nunca vou me esquecer dos últimos dias. A energia dele era incrível, ele estava de volta! Estava ensaiando com toda a força. Quero muito que o mundo veja Michael Jackson em ação."
O dançarino estava no palco ensaiando quando recebeu a notícia de que Michael Jackson estava no hospital. "Estávamos esperando Michael chegar em algumas horas, quando os empresários disseram que ele tinha sido levado às pressas para o hospital. Decimos continuar os ensaios, achando que tudo ficaria bem, mas depois de cinco minutos perdemos totalmente a concentração."
O artista, agora, tem planos de continuar dançando "com os melhores do mundo". "Estou ansioso para ver o que o destino me reserva. Depois de trabalhar com Michael Jackson, eu renasci. Sinto-me totalmente renovado. Foi um sonho ter tido essa oportunidade."
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