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Abuso de medicamentos pode ter parado o coração de Michael Jackson | Reuters
Abuso de medicamentos pode ter parado o coração de Michael Jackson| Foto: Reuters

Um dia após a súbita morte de Michael Jackson, aumentavam nesta sexta-feira as especulações sobre o que matou o "Rei do Pop" aos 50 anos, semanas antes de uma série de shows nos quais ele retomaria a carreira.

Jackson, a ex-estrela mirim que se tornou um dos artistas comercialmente mais bem-sucedidos de todos os tempos antes de cair num estilo de vida excêntrico e recluso, morreu na tarde de quinta-feira num hospital de Los Angeles, para onde foi levado às pressas com problemas cardíacos depois de passar mal na casa que havia alugado.

No início da sexta-feira, poucos detalhes sobre as circunstâncias que cercavam a morte do cantor eram conhecidos, mas ele estaria inconsciente e sem respirar no momento que chegou ao centro médico da UCLA e os médicos não conseguiram reanimá-lo.

O corpo de Jackson foi levado de helicóptero para o instituto médico legal no final da quinta-feira.

Brian Oxman, porta-voz da família Jackson, disse à CNN na quinta-feira que a família estava preocupada com a saúde do cantor e que havia tentado sem sucesso tomar conta dele por meses.

"Michael aparecia nos ensaios algumas vezes, ele tentava duramente estar apto a fazer esses ensaios", disse Oxman sobre as preparações de Jackson para uma série de 50 shows que ele começaria a fazer em Londres a partir de julho.

"O uso que ele fazia de medicamentos estava atrapalhando, as lesões que ele teve enquanto atuava, onde ele quebrou uma vértebra e a perna ao cair no palco, estavam atrapalhando", disse Oxman à CNN.

Autoridades marcaram uma autópsia para a sexta-feira. Mas elas alertaram que pode levar semanas para que se chegue à causa da morte, o que provavelmente terá de esperar pelos resultados de exames toxicológicos. Esses testes vão determinar se o cantor tinha drogas, álcool ou medicamentos em seu organismo.

Detetives da divisão de homicídios do Departamento de Polícia de Los Angeles fizeram buscas na casa de Jackson, no bairro de Holmby Hills, em Los Angeles, mas alertaram que a investigação é um evento "corriqueiro".

Os shows que o cantor faria em Londres eram vistos como um retorno para Jackson, que dominou a cena pop durante a década de 1980 com músicas como "Thriller" e "Billie Jean". Ele também recebia os créditos por ter transformado os videoclipes em uma forma cara e cinematográfica de arte.

750 MILHÕES DE CÓPIAS VENDIDAS

Jackson é considerado um dos mais bem-sucedidos artistas do século passado, com vendas estimadas de 750 milhões de discos e 13 prêmios Grammy.

"Michael foi e continuará a ser um dos grandes artistas que já viveu", disse o fundador da gravadora Motown Records, Berru Gordy, primeiro chefe de Jackson. "Ele era excepcional, artístico e original. Ele deu ao mundo sua alma e seu coração por meio de sua música."

Mas a reputação de Jackson por sua música e sua dança foi ofuscada pelos recentes anos de aparência cada vez mais anormal e estilo de vida bizarro, o que inclui a amizade com um chimpanzé e a preferência da companhia de crianças.

Ele batizou uma propriedade na região central da Califórnia de Rancho de Neverland Valley (ou Rancho do Vale da Terra do Nunca, numa tradução para o português), em homenagem à história de Peter Pan, escrita por J. M. Barrie. O local tinha um parque e um zoológico de animais de estimação.

Jackson foi acusado por duas vezes de molestar jovens e foi formalmente indiciado em 2003 de abuso sexual de crianças. Ele se tornou ainda mais recluso após sua absolvição em 2005 e prometeu que nunca mais moraria em seu rancho.

Enfrentando uma reputação que desmoronava e um montante de dívidas que, segundo o Wall Street Journal, chegava a 500 milhões de dólares, Jackson passou os dois últimos meses ensaiando para os shows em Londres. Um dos ensaios aconteceu na noite de quarta-feira no Staples Center, casa do time de basquete Los Angeles Lakers.

Apesar dos relatos de problemas na saúde do cantor, os promotores dos shows de Londres, a AEG Live, afirmaram em março que Jackson havia passado por uma série de exames de quatro horas e meia com médicos independentes.

"Não consigo parar de chorar por causa dessa triste notícia", disse a pop star Madonna em comunicado. "Sempre admirei Michael Jackson. O mundo perdeu um dos maiores, mas a música dele seguirá vivendo para sempre."

MOONWALK

Jackson nasceu em 29 de agosto de 1958, na cidade de Gary, Estado de Indiana. Ele era o sétimo de nove filhos e atuou ao lado de seus irmãos no grupo Jackson 5.

O álbum "Thriller", de 1982, emplacou sete músicas entre as dez mais tocadas. O disco vendeu 21 milhões de cópias nos Estados Unidos e ao menos outras 27 milhões ao redor do mundo.

No ano seguinte, ele mostrou ao mundo seu passo de dança conhecido como "moonwalk", no qual ele desliza de costas no palco, quando cantava "Billie Jean" durante especial da emissora NBC. O passo se tornou uma de suas marcas registradas,

Em 1994, o cantor casou-se com a única filha de Elvis Presley, Lisa Marie, mas o casamento acabou em divórcio em 1996.

"Estou muito triste e confusa com todas as emoções possíveis... Essa é uma perda gigantesca em vários sentidos, me faltam palavras", disse ela em comunicado.

Jackson casou-se com Debbie Rowe no mesmo ano e teve dois filhos antes de se separar novamente em 1999. Ele teve um outro filho cuja mãe não foi identificada.

Ele deixa os três filhos chamados Prince Michael I, Paris Michael e Prince Michael II, este último conhecido por uma breve aparição pública quando o pai o chacoalhou em uma janela de hotel, gerando duras críticas.

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