Filho de um dos casais mais famosos da política nacional, Eduardo e Marta Suplicy, o roqueiro Supla fala com orgulho dos pais, mas não reserva o mesmo respeito a outras figuras que frequentaram sua casa e foram companheiros de partido de seus pais. “Espero que as pessoas que cometeram crimes paguem por eles, dentro da lei, seja que forem”, diz, indignado.
Perto de comemorar 30 anos de carreira, aposta no trabalho e no pensamento positivo para continuar seguindo em frente. E pede para que a justiça seja feita.
Você cresceu em uma família muita ligada a política, hoje certamente a instituição mais desacreditada na sociedade...
Eu acho que a politica esta aí e precisa ser debatida. O que eu vou falar é óbvio, mas o problema é que as pessoas que estão no poder estão para ajudar os amigos e fazer maracutaias. O que eu quero é que as pessoas que cometeram crimes paguem por eles, quem quer que sejam, dentro da lei. Na politica há exceções.Uma coisa que me deixa muito orgulhoso dos meus pais, (o ex-senador Eduardo Suplicy e a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy) é que contra eles não tem nenhuma acusação em tantos anos na política. Agora você vê uma situação em que um processo de impeachment ser julgado por caras como o Maluf. São acusados julgando outros acusados. É muito olhar para a própria situação, o próprio partido sem pensar no país. Na banda Brothers Of Brazil, que eu tenho com meu irmão João Suplicy, nós fizemos musica chamada “Tudo Pelo Poder”, em que criticamos todos os partidos. O que será que o Raul Seixas estaria falando agora? “Nós não vamos pagar nada, agora é free”.
Uma coisa que me deixa muito orgulhoso dos meus pais, (o ex-senador Eduardo Suplicy e a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy) é que contra eles não tem nenhuma acusação em tantos anos na política.
Você acredita que existe a possibilidade da radicalização de ambos os lados?
Eu espero que isso não aconteça. Espero que as pessoas que forem condenadas paguem por isso e que a gente consiga seguir adiante e viver. Meu novo álbum que comemora meus 30 anos de carreira vai se chamar “Diga o Que Você Pensa” e é isso que eu espero: que as pessoas possam se expressar e tentar se respeitar além da violência que está no ar e que não é nada saudável para o pais O brasileiro agora tinha que tentar se unir.Parecia utopia. Você pode ter certeza que o Donald Trump não está nem aí para nossos problemas.
Mas o punk rock tem este espírito, não?
Tem sim. Eu conheço bem esta cultura. Mas vou te dizer que eu entrei na música por causa de John Lennon e George Harrison. Por causa da melodia, da beleza da música. A primeira vez que eu vi punk foi num show de hardcore em 1983 em Nova York, e vi uns meninos se baterem e cantarem a verdade deles. Uma música não necessariamente politizada, mas um som que fala do dia a dia. O que eu gostava era da energia e da letra direta e isso foi inspirador para mim. Por conta de eu ter sido alfabetizado em inglês, isso foi o que eu peguei mais do punk. O visual é o de menos, podia estar pelado. O visual serve para deixar a experiência mais mágica, mas o que vale mesmo é a música e que ela tem a dizer.
Você está na batalha da musica há muito tempo. Perto dos 50 anos, como você conseguiu chegar até aqui?
Lendo o meu livro você vai perceber que eu sempre fui atrás do meu trabalho. Desde os 14 anos. Meus pais pararam de me dar dinheiro quando eu fiz 17 anos e já estava cantando no Chacrinha. Eu tranquei a faculdade de economia e nunca mais voltei, coisa que não recomendo para ninguém, para ir atrás do meu sonho. Mas é difícil, você tem que estar no lugar certo, na hora certa e nunca parar de trabalhar. Se você não acreditar em você, quem é que vai acreditar? Por isso que eu fecho eu punho e levo pra frente. Isto significa força e isto é positividade. Não vamos para negatividade. Quem errou e tiver que pagar que pague. Que seja feita, justiça sem violência.
Meus pais pararam de me dar dinheiro quando eu fiz 17 anos e já estava cantando no Chacrinha
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