George Clooney vai levar esta quinta-feira a controvérsia política ao Festival de Veneza com "Good night, and good luck". A história, rodada em preto-e-branco, fala da caça às bruxas da época McCarthy na década de 1950, nos Estados Unidos. Clooney, que atua e dirige o filme, foi a primeira de uma série de estrelas de Hollywood a chegar ao Lido.
O filme de baixo orçamento, muito bem recebido pela crítica internacional na sessão fechada para imprensa na noite de quarta-feira, é também um dos mais esperados da mostra competitiva. Os grandes nomes de Hollywood tradicionalmente mostram seus filmes em espaços menos honrosos, como "fora de competição".
Protagonizado por David Strathairn e Robert Downey Jr., "Good night, and good luck" conta a história do uso da televisão, através do jornalista Edward R. Murrow, para expor as táticas intimidatórias do senador Joseph McCarthy e do Comitê de Atividades Antiamericanas em sua cruzada anti-comunista.
Clooney disse que o filme, visto como um ataque ao presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e sua guerra contra o terror, não fala só de política.
- Não há verdadeiros homens maus. É mais complicado que isso - disse Clooney em uma coletiva para imprensa. - Meu objetivo não é sair e atacar uma administração e, sim, gerar, um debate.
Murrow, devidamente retratado por Strathairn, denuncia a incursão de McCarthy usando as própias palavras do senador de Wisconsin. Eventualmente ele paga o preço através de uma série de eventos, que são tanto uma reconstrução histórica como o perigoso poder dos meios de comunicação.
- A televisão faz e desfaz as regras - disse Clooney. - O perigo é que a maioria das pessoas tem essa informação através da televisão. Tem que se fazer tudo com responsabilidade.
"Goodnight, and good luck", cujo título vem do slogan de Murrow, deixa de lado as cores e usa muitas imagens de arquivo para dar ao filme um estilo documental, entremeado por breves interlúdios de jazz.
Clooney, que produziu o filme pela Section Eight, produtora da qual é sócio com Steven Soderbergh, disse que fez o filme o mais realista possível, improvisando cenas no estúdio de Murrow para mostrar o caos da vida real.
Como um toque adicional, o senador McCarthy não está representado por um ator. Ele aparece retratado em imagens de notícias reais.
- Se tivéssemos usado um ator as pessoas falariam que fomos muito duros. Tivemos que mostra-lo fazendo o que ele fazia - disse Clooney.
A fascinação de Clooney com Murrow começou em sua casa, já que seu pai era apresentador de telejornal e admirava o jornalista da CBS.
Clooney, cuja estréia no cinema com o diretor em "Confissões de uma mente perigosa" (2002) recebeu críticas de todo o tipo, faz o papel do produtor Fred Friendly, ao lado de Strathairn, que representa o jornalista.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Enquete: como o Brasil deve responder ao boicote de empresas francesas à carne do Mercosul?
“Esmeralda Bahia” será extraditada dos EUA ao Brasil após 9 anos de disputa
Deixe sua opinião