• Carregando...
Os personagens de Ricardo Tozzi (à esq.)e Murilo Benício: rivais na trama, ambos têm em comum a ambiguidade nos seus papéis | Hellen Soares/Divulgação
Os personagens de Ricardo Tozzi (à esq.)e Murilo Benício: rivais na trama, ambos têm em comum a ambiguidade nos seus papéis| Foto: Hellen Soares/Divulgação
  • A atriz Cláudia Abreu, como Pamela, foi um dos destaques de Geração Brasil

Depois de estrearem como autores titulares na Rede Globo com Cheias de Charme (2012), considerada por eles como "um tiro certeiro" por ser "uma novela que falava direto à alma brasileira" com temas como o trabalho doméstico e o meio musical, Filipe Miguez e Izabel de Oliveira mudaram de assunto em Geração Brasil. Com "uma proposta bem mais ousada", dizem, a segunda trama dos dois, que teve foco na tecnologia e seus efeitos na vida das pessoas, chega ao fim nesta sexta-feira (31).

Apesar de não ter repetido a repercussão da novela anterior, Geração Brasil encerra com saldo positivo, afirmam os autores. "Geração já tinha a cobrança do segundo trabalho após um grande sucesso. Mas, no decorrer, foi mais tranquilo, a experiência ajuda um bocado", garante Filipe.

Para a dupla, um arrojo da trama atual foi investir em personagens dúbios, como o próprio protagonista, Jonas Marra (interpretado por Murilo Benício).

"A proposta aqui era falar de um universo desconhecido do grande público, apresentar ao espectador de novela uma gama de personagens [programadores, hackers etc], e situações novas na dramaturgia. Os papéis também eram mais ambíguos, a trama mais complexa. Para o risco que a gente correu, a aceitação foi muito boa", acredita o autor.

Izabel completa dizendo que a dupla encerra a trama atual muito feliz com o trabalho. E faz um balanço da novela."Geração enfrentou uma Copa no Mundo no Brasil, foi pensada para parar durante nove dias, enfim, tinha outros desafios. O bacana foi ter espaço para bancar isso, e nós tivemos."

Dúbio

Filipe vai além e diz que apostar em personagens que não são necessariamente bons ou maus faz parte da evolução dos folhetins.

"O melodrama originalmente tinha esse maniqueísmo, os bons quase tolos de tão bondosos, os maus quase caricatos de tão malvados. A telenovela foi se sofisticando e, hoje, já é possível mostrar tipos mais complexos. O importante é sempre o público ter por quem torcer. O Jonas, com toda a ambiguidade, e graças ao talento e ao carisma do Murilo, atraiu a simpatia do público desde o primeiro momento", defende.

A autora aponta outra característica, de uma pessoa que parece boa, e pode "se revelar um monstro se for vista com outros olhos". Foi o caso de Herval (Ricardo Tozzi), que aparentava ser um bom moço, mas ao longo da trama se mostrou um homem extremamente vingativo, capaz de tudo para prejudicar Jonas.

"Herval é um homem marcado por seu passado, mas que, diferentemente de Jonas, se deixou dominar pelos seus sofrimentos, e focou sua vida em um desejo de vingança. Ele poderia ter tido mil caminhos, porém, tudo o que mais deseja é ver Jonas na cadeia. E não descansará enquanto não acabar com a felicidade do Marra Man", conta Filipe.

Nesta última semana, Herval arma mais uma das suas: Jonas terá seu celular furtado enquanto trabalha como camelô, e usará o telefone de Murphy (Arlindo Lopes) para rastrear seu aparelho. Na verdade, o roubo foi arquitetado pelo criador da ONG Plugar, que quer invadir a Marra, sabotar o novo projeto de Manu (Chandelly Braz), e culpar Jonas por isso.

O autor da novela defende Jonas, e explica que o protagonista sempre foi um homem com um sonho e um talento, que se desenvolveu profissionalmente, mas deixou para trás "várias questões mal resolvidas, de ordem afetiva". Antes de se redimir no final, o magnata da tecnologia foi parar praticamente no fundo do poço – ficou preso e recomeçou como camelô após ser solto.

"O passado cobrou seu preço, e Jonas teve que voltar às origens e aprender a ser gente. Ele estava perdido numa espiral de ambição, de mentiras, que o levou a cometer crimes, a fazer muita besteira. Mas é um personagem positivo, com imensas qualidades", analisa Filipe.

O autor fala mais sobre o desfecho do protagonista e dá a entender que Jonas voltará a ser um homem rico. "Ele terá sua redenção e voltará a ser o que foi um dia, só que melhor, mais humano."

Jonas termina a novela com Verônica (Taís Araújo). Já sua ex-mulher, Pamela (Cláudia Abreu), fica com Ernesto (Felipe Abib). "Não precisamos dizer que ele é perdidamente apaixonado por ela... E a trata com mais carinho e zelo do que qualquer outro homem", constata Izabel.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]