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Da série "caminhos para uma banda independente". Era uma vez cinco garotas e um rapaz que começaram, sem grandes pretensões, a fazer um som no underground paulistano. Tão interessados por moda e estilo quanto pela música propriamente dita, chamaram a atenção por conta de shows ao vivo altamente performáticos. E, como qualquer artista que se preze nos anos 2000, colocaram suas primeiras gravações à disposição dos internautas, no já fundamental site www.tramavirtual.com.br.

Um dos braços eletrônicos da gravadora Trama, a página recebe e expõe, gratuitamente, conteúdos em MP3 enviados por grupos musicais de todos os estilos. Não demorou muito e o sexteto, batizado com o sugestivo nome de Cansei de Ser Sexy (CSS), posicionou-se no topo do ranking das faixas mais baixadas do site. Ficou diversas semanas por lá, graças aos temas "Ódio, Ódio, Ódio, Sorry C." e "Meeting Paris Hilton" – uma referência à socialite mais famosa do planeta. O som? Um misto de punk-rock e música eletrônica, com forte apelo pop. Era o ano de 2003, e o CSS mal sabia o que ainda estava por vir.

O grupo começou a temporada seguinte como um dos mais badalados pela imprensa especializada e modernetes de plantão. Às custas do boca-a-boca internético, também conquistou admiradores além-mar, como alguns DJ europeus que passaram a executar suas faixas em programas de rádio específicos. Mas o pulo do gato aconteceu mesmo na metade do ano, quando o Cansei de Ser Sexy foi convidado a se apresentar no Tim Festival, um dos maiores eventos musicais do país.

Tudo isso aconteceu sem a banda ainda ter lançado o primeiro álbum, que finalmente ganha a luz do dia pelas mãos da Trama. Na verdade, são três lançamentos de uma tacada só: um EP com sete músicas (mais barato, para ser vendido nos shows), o CD "oficial" (contendo 14 faixas) e uma edição especial em caixinha dupla. Esta última acompanha um disco "virgem", no qual o dono pode copiar o registro e oferecer de presente a um amigo.

Completando o arrastão, o grupo licenciou suas músicas para telefones celulares, participa das trilhas sonoras de dois jogos de videogame norte-americanos e viu sua homenagem a Paris Hilton virar tema das chamadas do seriado The Simple Life (exibido pelo canal Fox e estrelado pela própria Paris). Sem contar a matéria sobre o "fenômeno" publicada no jornal britânico Observer. Ufa!

Por acaso

"Odeio quando dizem que a gente quer aparecer a qualquer custo. Nunca tivemos uma estratégia, fizemos tudo por acaso", garante o multiinstrumentista e produtor Adriano Cintra, mentor do Cansei de Ser Sexy.

Também integrante do grupo Thee Butcher’s Orchestra (notório nos porões do rock brasileiro), Adriano faz questão de dizer que o CSS não é apenas mais uma banda exaltada por um circulo restrito de formadores de opinião. "Por causa da internet, temos muitos fãs adolescentes. Sabe aqueles garotos esquisitos do colégio, que usam óculos de aro grosso? São eles que vão comprar o nosso CD", afirma. "Mas também sabemos que somos uma das bandas mais odiadas do momento", acrescenta, mostrando-se ciente de que o excesso de badalação provoca desconfiança em parte do público.

O Cansei de Ser Sexy ainda titubeia quando o assunto é o esquema de divulgação tradicional (leia-se rádio e televisão). Afinal, o grupo praticamente inexiste fora da internet e da cena do rock alternativo. "Nunca vou bater na porta da Globo. Mas, se rolar um convite, tudo bem. De qualquer forma, vou achar muito estranho se a gente tocar na Malhação", confessa Adriano. O músico só não quer ver o sexteto rotulado como "banda engraçadinha". "Já somos meio palhaços, então corremos os risco de sermos confundidos com alguma coisa na linha Mamonas Assassinas", preocupa-se. Entre o amor e ódio, eis os novos candidatos a ídolos juvenis.

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