São Paulo - Começou com a ideia vaga de tornar a música visível nas páginas de um gibi. Então veio o projeto de utilizar HQs para narrar uma biografia. Só depois é que o artista alemão Reinhard Kleist escolheu o assunto: o músico Johnny Cash. O resultado: o gibi Johnny Cash: uma Biografia, que chegou em outubro às livrarias.
O cantor norte-americano, porém, não era a primeira opção de Kleist. "Eu me tornei fã dele depois de começar a pesquisa para o livro", conta à reportagem, por e-mail. "Antes, eu pensava que ele era bacana, mas um pouco ultrapassado." Foi só com o tempo que a opinião de Kleist mudou. Hoje, ele esbanja adjetivos elogiosos como "fantástico", "dramático", "empolgante" e "único" para se referir ao músico.
Nesse ínterim chegou aos cinemas o filme Johnny & June (2005), sobre o romance de Cash com a cantora June Carter. "Fiquei muito nervoso, porque vi no trailer que eles utilizaram o concerto na prisão Folsom como um turning point na história, e eu também fiz isso!", conta. Mas acabou saindo do cinema tranquilo.
"O filme foi em outra direção!", diz Kleist. O episódio a que o gibi e o longa fazem menção é o show de 1968 que o músico fez em uma prisão da Califórnia (EUA) e que virou o álbum At Folsom Prison, lançado no mesmo ano.
No gibi de Kleist, as histórias da vida de Cash são contadas por meio de um traço feio em preto e branco que não chama a atenção. E a edição não ajuda, com textos que não se encaixam bem nos balões. Mas a simplicidade do desenho sem cenários, aliás dá destaque a uma história que é interessante por si só.
Os próximos causos que Kleist vai contar serão os de Fidel Castro, seu mais recente biografado em quadrinhos. O gibi chega às lojas em março, na Alemanha. A editora 8Inverso já demonstrou interesse em trazer o material para o Brasil. "Depois, vou precisar de férias, porque esse cara é realmente difícil de colocar em um livro", diz o artista.
Johnny Cash: uma Biografia saiu na Alemanha em 2006. Nos dois anos seguintes, recebeu importantes prêmios nacionais de quadrinhos e projetou o nome do artista para longe. Para o Brasil, inclusive, onde ele esteve em outubro para o Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte.
Kleist ficou por aqui por duas semanas. Além da capital mineira, conheceu Tiradentes (MG), Rio e Porto Alegre. E, na comparação com seu país natal, o Brasil sai ganhando no quesito boa vontade. "Na Alemanha, as pessoas gostam de reclamar de tudo. No Brasil, elas gostam de celebrar."
Serviço:
Johnny Cash: uma Biografia. Ed. 8Inverso; 224 págs., R$ 44.
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