O americano Rob Schneider esteve no Rio de Janeiro no começo do mês para divulgar seu novo filme, Gigolô Europeu por Acidente, que estreou ontem nos cinemas brasileiros. A produção é mais uma comédia na carreira do ator, que retoma o personagem Deuce Bigalow – novamente encarnando sem querer a função de michê, mas desta vez na Holanda, numa trama recheada do humor chulo e escatólogico que tanto agrada ao público.

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Schneider encarou uma maratona de entrevistas, participando também de outras atividades típicas para gringos em visita ao país. Uma delas foi uma feijoada acompanhada de muitas caipirinhas na quadra da escola de samba Mangueira, depois da qual dormiu pesadamente, acordando sem saber onde estava, um evento que classificou como "feijoada coma" ao Caderno G.

"Why Curitiba? Why?" Foi dessa forma, em tom brincalhão-dramático, que o americano se expressou ao saber que a reportagem era de um jornal da capital paranaense. "Por muitos anos amei uma mulher de Curitiba, mas ela quebrou meu coração", diz o ator sobre uma relação que parece realmente ter marcado sua vida, sem no entanto entrar em maiores detalhes.

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Deixando o romance de lado, Rob explica que não pretendia voltar a interpretar Deuce Bigalow, mas achou interessante a proposta de fazer o filme fora dos EUA e que as pessoas gostariam de ver o personagem na tela de novo. "Não sou um soldado ou um político, sou um artista e sinto apenas que devo fazer filmes divertidos, levar as pessoas aos cinemas por um pouco mais de uma hora e fazê-las dar boas risadas", observa. Para ele, as filmagens na Holanda foram uma grande experiência no cinema, principalmente porque a produção foi praticamente rodada em cenários naturais, o que é não muito comum em Hollywood. "Tínhamos um orçamento pequeno, trabalhamos com uma equipe de produção de profissionais holandeses. Era uma loucura todo dia, mas foi muito divertido", continua.

Além das piadas que extrapolam os limites do politicamente incorreto, o filme também faz graça com a hostilidade de outros países em relação aos EUA depois da Guerra no Iraque. "Este é o único filme até agora que faz piada da administração Bush, mas ninguém comentou isso nas críticas negativas que recebemos nos EUA. A mídia norte-americana tem sido condescendente com a administração Bush, as opiniões contrárias são muito amenizadas. As pessoas estão sendo manipuladas", aponta o ator.

Ele confirma não estar alienado quando o assunto são as razões do conflito militar no Oriente Médio. "Acho que foi uma boa medida derrubarem Saddam Hussein do poder, mas as forças internacionais não fizeram isso em diversos países dirigidos por pessoas como ele, porque esses locais não têm petróleo", comenta, lembrando também da ausência de interferência americana nos massacres étnicos na África e na guerra na antiga Iugoslávia, pois não havia interesses econômicos a defender nesses conflitos. "Temos um grande povo na América, mas tomamos algumas más decisões", avalia.

Voltando à comédia, Schneider se diz influenciado por uma geração mais antiga de humoristas, gente que acompanhava quando era criança como Peter Sellers, Mel Brooks, Gene Wilder, Richard Pryor e Steve Martin. "Quando era pequeno, ouvi um disco com um show de Steve Martin e foi uma revelação. Eu ouvia e ria, perdia a respiração. A partir dele, vi que era possível atuar como comediante", comenta. O ator também cita como influência o roteirista Jack Handey, parceiro no humorístico Saturday Night Live, com quem atualmente desenvolve o roteiro do filme Heart of the Barbarian, que pretende dirigir. "Estamos escrevemos essa comédia há 20 anos e conseguimos recursos para filmar há três anos. É um orçamento pequeno, o valor gasto com a comida em algumas grandes produções", brinca. "Gostaria de vir ao Festival do Rio do ano que vem para apresentá-lo", continua.

Rob Schneider revela que poderia de fazer filmes dramáticos se fosse convidado – assim como o grande amigo e parceiro Adam Sandler, comediante que surpreendeu em papel sério no filme Embriagado de Amor. "Se Martin Scorsese ou Francis Ford Coppola me ligarem e pedirem para fazer, acho que posso dar conta", afirma, dizendo que também gostaria de trabalhar em outros países, inclusive Brasil. "Mas não em Curitiba, ainda não estou preparado", arremata, lembrando que ainda não esqueceu o romance curitibano. "Why Curitiba? Why?"

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