Nem o frio tampouco a falta de familiaridade do público curitibano com o repertório recente conseguiram deter um mais do que empolgado Gilberto Gil na noite de 8 de agosto, no Teatro Positivo. Duas horas de música. Sublime música popular que, por exemplo, não se faz neste Brasil diferente e meridional que é o Paraná. O fato é que Gil, apesar da insalubridade de cinco anos e meio no governo Lula, retorna aos palcos com vitalidade e arte raras.
Acompanhado de seis músicos, com destaque para o baixista Arthur Maia (que roubou a cena com um solo melódico na canção "Palco") e o guitarrista Sergio Chiavazzoli (um dos mais inventivos instrumentistas brasileiros), Gil reinventou canções antigas, sobretudo "Tempo Rei", que se tornou um rock inigualável. Com todos os instrumentos no mesmo volume diferentemente do que se pratica, por exemplo, por instrumentistas paranaenses em palcos locais , a banda estava, como era de se esperar, a serviço de Gil. E o baiano fez o que sabe fazer de melhor: cantou e fez música.
Entre um samba e outro baião, Gil verbalizava sobre as origens de cada ritmo, sem ser didático, com generosidade e sabedoria. Fez uma surpreendente versão reggae para "Something", dos Beatles. Recriou "Andar com Fé". E exibiu as belíssimas recém-produzidas "Despedida de Solteira", "Banda Larga Cordel" e "Não Tenho Medo da Morte". Solto agora sem as amarras de um gabinete na Esplanada dos Ministérios, longe de algum inoperante evento oficial o ex-ministro volta a contribuir, de fato, com a cultura brasileira.
Ao final, o "tímido" público já havia se levantado das cadeiras para, em pé, acompanhar um Gil, de 66 anos, extremamente entregue à arte.
Gil, bem-vindo de novo à vida.
Marcio Renato dos Santos
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Em movimento
Artistas do teatro curitibano se encontraram no último sábado (9) no Ateliê de Criação Teatral (ACT), durante o 1.º Movimento de Teatro de Grupo. O que se viu foi um cenário infelizmente comum por aqui: um público composto em sua maioria pelos próprios artistas do teatro curitibano. Perde o espectador, alheio ao que a cidade produz.
As 12 companhias integrantes do movimento fizeram suas apresentações curtas (até 30 minutos) sem atrasos. O cardápio foi variado: Trechos de exemplares da boa produção local, como Henfil, Já! e Menos Emergências. Mostras de processo que convidavam à intimidade da Obragem e da CiaSenhas. Performances solo das inevitavelmente polêmicas integrantes da Companhia Silenciosa (Giórgia Conceição nada coberta por paetês cortou e distribuiu sashimi ao som de um funk do sushi); entre outros.
A leitura da Companhia Brasileira de Teatro foi das mais elogiadas, enquanto o Antropofocus (com cenas de seu próximo espetáculo) e o Ator Cômico (com improvisações) fizeram sua parte: rir.
Ao fim, nove atores conduziram a simpática peça interativa A Viagem. O elenco final bastante reduzido (para um projeto aberto a todos os envolvidos) seria sinal de que a integração artística não é tão forte quanto a política? O saldo do dia foi, sem dúvidas, positivo, por marcar a estréia cênica de um movimento que pretende atrair apoio financeiro aos grupos.
Luciana Romagnolli
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