Tirando duas ou três surpresas, tudo correndo dentro dos conformes no Globo de Ouro 2016, em cerimônia que terminou pouco depois das 2h da manhã desta segunda-feira (11).
Uma delas foi, justamente, na principal categoria da noite, a de melhor filme (cinema), anunciada por Harrison Ford. “O Regresso”, a história de um homem que é abandonado por um grupo de desbravadores para morrer no meio do nada e sobrevive para se vingar de seus algozes levou os prêmios de filme, diretor e ator. Ele passou a perna no drama jornalístico “Spotlight”, o favorito que acabou a noite sem ganhar nadinha.
Com um sorriso largo e aplaudido de pé, Leonardo DiCaprio recebeu a estatueta de ator por “O Regresso”, que entra em cartaz nos cinemas brasileiros no dia 4 de fevereiro. “O filme era sobre sobrevivência e, mais que tudo, sobre confiança. E não há ninguém mais merecedor de confiança que nosso diretor Alejandro.” Ele dedicou o prêmio às comunidades indígenas.
DiCaprio se referia a Alejandro González Iñárritu, o melhor diretor. “Não tem a ver com orçamento ou tamanho da produção, todo filme é difícil de fazer”, disse o mexicano Iñárritu ao receber o prêmio.
Na segunda posição, com dois prêmios cada um, aparecem “Perdido em Marte” e “Steve Jobs”. Jim Carrey apresentou o prêmio de melhor filme – comédia ou musical. Numa aposta esperta da produtora, “Perdido em Marte” concorreu em categorias com produções como “A descompensada” e “A espiã que sabia de menos”. E acabou vencendo em filme e ator (para Matt Damon).
“Meus filhos estão assistindo, então tenho que agradecer meus filhos. Obrigado a minha mulher por... bem, por tudo”, disse Damon. “Fiz um monte de filmes que ninguém viu, então fazer um que teve público e isso foi muito bom. E tudo isso tem a ver com Ridley Scott [diretor do filme].”
A cinebiografia “Steve Jobs”, sobre o sujeito que transformou a empresa Apple numa potência mundial e morreu de câncer em 2011, aos 56 anos, levou os prêmios de atriz coadjuvante (Kate Winslet) e roteiro (Aaron Sorkin).
Na disputa de atriz principal em drama, Brie Larson venceu por “O Quarto de Jack”, que estreia no Brasil no dia 18 de fevereiro. Ela agradeceu ao menino com quem contracena, Jacob Tremblay. “Ele é metade da minha atuação.”
Jennifer Lawrence, sem nenhuma surpresa, levou o prêmio de atriz de comédia ou musical. Ela agradeceu muito ao diretor de “Joy”, David O. Russell. “Quero que a gente seja enterrado um ao lado do outro. De verdade”, disse ela.
Denzel
Tom Hanks deu as caras no Globo de Ouro 2016 com o cabelo quase completamente branco para anunciar o prêmio Cecil B. Demille. O homem que recebeu a láurea, Denzel Washington, foi colocado por Hanks no mesmo grupo em que estão Brando, Clift, De Niro, Pacino, Bogart e a lista de sobrenomes que ele deu é mais ou menos longa.
Num texto emocionante, Hanks disse: “Se não pelo sobrenome, deixe o primeiro nome carregar todo o peso da importância que ele tem. E o nome é Denzel”.
Todo mundo levantou para saudar Denzel (três sujeitos foram aplaudidos de pé ao longo da noite: DiCaprio, Denzel e Stallone). E ele subiu ao palco com a mulher e os três filhos. “Os óculos...”, disse Pauletta, a mulher de Denzel, para o marido. “Eu consigo ler sem eles”, respondeu o ator, para a diversão de todo mundo. Depois de ficar um tempo tentando enxergar o papelzinho que levou para o palco, Denzel enfim admitiu: “Eu preciso dos meus óculos”. Como ele estava sem, logo agradeceu a família e se despediu.
Tarantino
“Isso é muito legal. Morricone é o melhor compositor que existe, na minha opinião”, disse Tarantino ao aceitar o prêmio pelo italiano de 87 anos que compôs trilhas de vários filmes que se tornaram clássicos (pense em “Era uma vez na América”, de Sergio Leone, por exemplo, numa lista de mais de 500 títulos). “E não estou falando de compositor de trilhas sonoras, esse gueto. Estou falando de Mozart, Schubert...”, disse o diretor de “Os Oito Odiados”.
Rocky
Outro momento-surpresa da noite veio com Sylvester Stallone, aplaudido de pé e por muito tempo ao ser anunciado como vencedor na categoria de ator coadjuvante pelo papel de Rocky Balboa em “Creed – Nascido para Lutar” (estreia na próxima quinta-feira, dia 14). Ele ficou genuinamente perplexo. “Gostaria de agradecer meu amigo imaginário Rocky Balboa por ser o melhor amigo que eu tive na vida”, disse Sly.
Gael
“Isso foi uma surpresa”, foi também o que disse o mexicano Gael García Bernal ao vencer o prêmio de ator em comédia ou musical (por “Mozart in the jungle”), desbancando o favorito Jeffrey Tambor (“Transparent”), o favorito. De fato, uma surpresa. De resto, a noite foi uma distribuição cuidadosa de prêmios para meio mundo: 16 títulos foram premiados em 25 categorias.
A figura mais emocionada da noite, sem dúvida, foi a cantora Lady Gaga, que levou o prêmio de atriz em minissérie ou filme para TV pela participação em “American Horror Story Hotel”. “Este é um dos melhores momentos da minha vida”, disse a cantora-atriz.
Como esperado, “Mr. Robot” levou o prêmio de melhor série de TV – drama, pouco depois de Christian Slater ter apanhado a estatueta por ator coadjuvante pela mesma série.
Na categoria minissérie ou filme para a TV, “Wolf Hall”, produzido pelo canal público de TV dos EUA, a PBS.
Wagner Moura
Jon Hamm acabou vencendo Wagner Moura. O ator de “Mad Men”, que interpreta Don Draper na série, recebeu o Globo de Ouro pela produção que terminou em 2015 depois de sete temporadas.
Moura parecia tranquilo e sorridente ao ser indicado. A atriz Eva Longoria, de “Desperate Housewives”, pronunciou o nome dele do jeito que americanos costumam falar – o W com som de U: “Uégner Mura”.
Ao subir ao palco, Hamm estava extremamente sério, fez um agradecimento protocolar e foi isso – assim acabou a primeira chance de o Brasil levar um Globo de Ouro na categoria de ator em série de TV. Mas ver Moura representando “Narcos” no evento foi bacana.
Apresentador
“Vou fazer este monólogo e depois vou me mandar. Nem mesmo Sean Penn vai me achar”, disse o apresentador Ricky Gervais, bebericando uma cerveja e fazendo piada com o fato de Penn ter feito uma entrevista com o narcotraficante mexicano Joaquín “El Chapo” Guzmán para a revista “Rolling Stone”. “Bisbilhoteiro”, disse Gervais, que foi o anfitrião da festa pela quarta vez.
Para não perder o costume, ele fez uma piada terrível com “Spotlight”, que conta a história do grupo de jornalistas do “Boston Globe” que descobriu os abusos sexuais cometidos por clérigos pedófilos. “Roman Polanski achou que é o melhor filme de relacionamento de todos os tempos”, em referência ao cineasta de “Deus da Carnificina” condenado por abusar sexualmente de uma jovem de 13 anos em 1977.
Gervais, que venceu três Globos de Ouro pela série “The Office”, falou que usa uma estatueta como aparador de porta, uma para bater em ladrões e uma ele deixa do lado da cama porque o formato é perfeito para... bem, a piada não é reproduzível aqui.
CINEMA
“O Regresso”
“Perdido em Marte”
Alejandro González Iñarritu (“O Regresso”)
Leonardo DiCaprio (“O Regresso”)
Brie Larson (“O Quarto de Jack”)
Matt Damon (“Perdido em Marte”)
Jennifer Lawrence (“Joy”)
Sylvester Stallone (“Creed - Nascido para Lutar”)
Kate Winslet (“Steve Jobs”)
“Divertida Mente”
“Filho de Saul” (Hungria)
Aaron Sorkin (“Steve Jobs”)
Ennio Morricone (“Os Oito Odiados”)
“Writing’s on the Wall” (“007 Contra Spectre”)
TELEVISÃO
“Mr. Robot”
“Mozart in the Jungle”
Jon Hamm (“Mad Men”)
Taraji P. Henson (“Empire”)
Gael García Bernal (“Mozart in the Jungle”)
Rachel Bloom (“Crazy Ex-Girlfriend”)
Christian Slater (“Mr. Robot”)
Maura Tierney (“The Affair”)
“Wolf Hall”
Oscar Isaac (“Show me a hero”)
Lady Gaga (“American Horror Story Hotel”)
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