O escritor, dramaturgo, roteirista e ativista político norte-americano Gore Vidal morreu terça-feira, aos 86 anos, vítima de complicações de uma pneumonia. Dono de uma prodigiosa carreira e considerado um dos mais versáteis autores dos Estados Unidos, com 25 romances, dois livros de memórias, oito peças de teatro e centenas de ensaios, Vidal estava em sua casa em Los Angeles, para onde se mudou em 2003 depois de um longo exílio na Itália.
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Sempre ativo na política e grande crítico do estilo de vida americano, Eugene Luther Gore Vidal (nascido Eugene Louis Vidal) foi um reconhecido porta-voz dos direitos civis e das minorias, defendendo a "consciência crítica diante do imperialismo". Em 1960 e 1982, tentou se eleger ao congresso e ao senado dos EUA, sem sucesso. Perdeu-se um político e consagrou-se um dos maiores autores da língua inglesa.
Ao lado de Truman Capote e Norman Mailer, ele fez parte de uma geração de escritores que eram também celebridades. Famoso por seus comentários ácidos e espirituosos, Vidal era frequentemente convidado para participar de talk shows na tevê, além de sempre figurar nas colunas sociais ao lado de amigos como Tennessee Williams, Orson Welles, Frank Sinatra e Jackie Kennedy.
"No final de sua vida, Vidal se considerava o último representante de uma espécie e, sem dúvida, tinha razão", enfatizou o jornal The New York Times em seu obituário.
Família
Gore Vidal nasceu na Academia Militar de West Point, no estado de Nova York, em 3 de outubro de 1925, mas foi criado em Washington. O pai foi pioneiro da aviação e trabalhou para o governo Roosevelt, a mãe era socialite e o avô materno, T. P. Gore, foi senador. Era primo do ex-vice-presidente Al Gore. Depois do divórcio de seus pais, sua mãe se casou com Hugh Auchincloss, que viria a desposar a mãe de Jackie Kennedy. Gore Vidal se converteria posteriormente em amigo íntimo do presidente John Kennedy e sua família.
Começou a escrever contos e poemas ainda na adolescência e, aos 18 anos se alistou no exército, onde ficou até 1946. Durante a Segunda Guerra Mundial, a bordo de um navio, escreveu o seu primeiro romance, Williwaw, baseado nas suas experiências militares.
Entre 1947 e 1949, morou na cidade de Antigua, na Guatemala, onde escreveu Em um Bosque Amarelo, narrando as dificuldades de um ex-combatente em se adaptar à vida civil
Libelo
Em 1948, sacudiu a crítica americana com seu terceiro romance, A Cidade e o Pilar, um sereno libelo homossexual, inspirado em um amor da juventude, Jimmy Trimble, morto no Pacífico enquanto prestava serviço como fuzileiro naval. Vidal, que viveu na Itália com Tennessee Williams e teve o escritor Jack Kerouac como amante, se indignava contra o conservadorismo moral e sexual da sociedade americana.
Nos anos 1950 lançou À Procura de um Rei, O Julgamento de Páris e Messias. Logo em seguida passou a se dedicar a fazer roteiros para o cinema como Calígula e Ben-Hur e para a televisão e entrou para o mundo do teatro. Ator esporádico, Vidal participou de adaptações cinematográficas de sua obra, como The Best Man, além de longas como Bob Roberts e as animações Os Simpsons e Uma Família da Pesada.
Aos 25 anos, Vidal já tinha tido mais de mil encontros sexuais com homens e mulheres assunto que nunca foi tabu em sua biografia. Por várias vezes, o autor declarou que os seres humanos são inerentemente bissexuais e rótulos como gay, que ele sempre rechaçou, eram arbitrários e inúteis. Por 53 anos, teve como seu companheiro Howard Austen, um ex-executivo de publicidade. O segredo para manter o longo relacionamento, ele disse muitas vezes, era que eles nunca tinham dormido juntos.
Nos anos 1960 e 1970 morou na Itália, tendo participado do filme Roma, de Federico Felini, em 1972, em que desempenhou seu melhor papel: o dele mesmo. Com a biografia do imperador romano Juliano, reiniciou a carreira literária. Sob o pseudônimo de Edgar Box, Gore Vidal escreveu uma série de histórias de detetives.
Sem nunca deixar de lado uma de suas maiores características, o interesse político e histórico, encerrou a carreira com A Era Dourada: Narrativas do Império, uma série de sete romances históricos que pretendia ser uma biografia dos Estados Unidos: Washington, Burr, Lincoln, 1876, Império e Hollywood.
Crítico cáustico das posturas belicistas, sofreu perseguições por parte dos conservadores líderados pelo senador McCarthy nos anos 50. Mas nada impediu a sua criatividade, que se espalhou ainda com os pseudônimos de Cameron Kay e Katherine Everard.
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