Destaques na trajetória
Em 39 anos, revelações internacionais e nacionais fizeram parte do Festival de Gramado.
1969 Surge a ideia do festival a partir da I Mostra de Cinema, da Festa das Hortênsias. O casal Eva Wilma e John Herbert foi convidado especialmente para o evento.
1973 Acontece, em janeiro, o 1° Festival de Cinema de Gramado. O filme Toda Nudez Será Castigada, de Arnaldo Jabor, levou o Kikito (troféu entregue aos premiados do evento) de melhor filme.
1979 Pela primeira vez, um documentário é o grande premiado do festival: Raoni, dirigido por Luís Carlos Saldanha e Jean-Pierre Dutilleux.
1982 Pra Frente, Brasil, de Roberto Farias, foi a escolha do júri para melhor filme. Logo depois, o filme foi proibido pela censura.
1989 O melhor filme curta-metragem foi Ilha das Flores, de Jorge Furtado, que arrebatou cinco prêmios nacionais e quatro gaúchos.
1990 O festival passa a acontecer em agosto.
1992 Passou a ser Festival de Gramado Cinema Iberoamericano, permitindo que filmes estrangeiros participassem da competição. Pedro Almodóvar levou o Kikito de melhor diretor.
1997 A revelação foi Beto Brant, promessa de uma nova geração de cineastas brasileiros, com o filme Os Matadores.
2009 O Kikito de melhor fotografia foi para Katia Coelho por Corpos Celestes, do diretor paranaense Marcos Jorge.
2010 Bróder, de Jeferson De, foi a revelação entre os longas-metragens nacionais. O curta londrinense Haruo Ohara, de Rodrigo Grota, levou, na sua categoria, os prêmios de melhor filme, melhor diretor e melhor fotografia.
Uma Longa Viagem arranca aplausos
Para fazer o documentário Uma Longa Viagem, a cineasta Lúcia Murat teve de criar coragem para resgatar os momentos mais belos e terríveis na amizade com os seus dois irmãos. Com um tom pessoal, o filme aborda também alguns aspectos sobre a ditadura militar no país, mas é essencialmente uma produção que conta a história de uma família comum, com base nas cartas que o irmão mais jovem (Heitor), enviava para a família e para a irmã, presa por ser militante política.
Por trazer um tema íntimo, Lúcia teve receio de apresentar o projeto para captação de recursos e até mesmo das projeções (a primeira a cerca de um mês, em Paulínia). "Tinha receio. Mas, depois que meu irmão mais velho morreu (o médico Miguel), decidi que era a hora de fazer uma homenagem para ele e para a família".
O documentário optou por uma solução ousada, já que o ator Caio Blat é quem lê as cartas e também o Heitor jovem, que acabou indo estudar inglês em Londres por conta do receio da mãe de Lúcia de que ele fosse preso no Brasil. Lá, fez uma mergulho na liberdade, nas drogas e no rock and roll, e viajou para lugares como Afeganistão, Nepal e Índia. Esquizofrênico, Heitor foi encontrado pela embaixada brasileira na Índia, totalmente fora de si. Esses episódios vão sendo contados por Blat e pelas entrevistas com Heitor mais velho, o personagem mais cativante do filme, que foi muito aplaudido pelo público. A trilha sonora de Lucas Marcier (com canções da década de 1970), é outro destaque do longa. Segundo Lúcia, a produção está conversando com algumas distribuidoras, mas ainda não há data de estreia. (IR)
Gramado - A infraestrutura e a programação exibida no 39.º Festival de Cinema de Gramado mostram que o evento o mais antigo do gênero no país, mas que vinha sofrendo a concorrência de outras mostras quer se reafirmar como um dos festivais de cinema mais relevantes do Brasil. Os R$ 3 milhões investidos fazem da ocasião não só uma boa vitrine para os filmes, mas também impulsiona o turismo da pequena cidade gaúcha de 35 mil habitantes. O Palácio dos Festivais, local das exibições, passou por uma grande reforma e os patrocinadores não perdem a chance de divulgar seus produtos por ali: a Kia do Brasil, por exemplo, colocou à disposição nove carros de seu mais novo lançamento, que custa R$ 125 mil, para auxiliar no transporte dos convidados do evento.
Os sinais de que Gramado está na direção certa desta retomada, antes de completar 40 anos, são claros: o número de filmes inscritos aumentou 43% em relação ao ano passado, mais de 2 mil convidados e 800 jornalistas brasileiros e estrangeiros circulam pelo festival e o incremento de turistas durante o evento é bastante considerável. "Queremos fazer deste o maior festival de Gramado de todos os tempos", diz o presidente da comissão executiva no festival, Alemir Coletto.
Cabe lembrar que, assim como o cinema brasileiro, Gramado também sofreu no início da década de 1990 com a quebra na produção cinematográfica causada pelo fechamento da Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme), que deixou o cinema nacional sem fomento estatal. Na época, a solução foi incluir filmes latino-americanos na Mostra Competitiva, a principal (há também a Mostra Gaúcha que exibe 20 filmes selecionados pela organização do festival e por representantes da Assembleia Legislativa do Estado).
Curadoria
Pelo menos nos primeiros dias, o Festival de Gramado apresentou, com poucas exceções, uma seleção de longas-metragens de qualidade e curadoria cuidadosa, exibindo na mesma noite produções que dialogam entre si. O Palhaço, filme de abertura dirigido e protagonizado por Selton Mello, foi até agora o principal acontecimento do festival, mesmo não sendo concorrente na Mostra Competitiva. A história de pai (Paulo José) e filho (Selton Mello), donos do Circo Esperança, comoveu o público.
Mello declarou em entrevista coletiva que, assim como em Feliz Natal (seu filme anterior), optou por convocar para o elenco atores novos e também atores experientes que estão ou não na ativa. Um deles, é Ferrugem, o eterno garoto-propaganda da marca de sapatos infantis Ortopé, que interpreta o funcionário de um cartório. "Isso aconteceu no filme anterior com a Darlene Glória e agora com o Ferrugem, que são atores lindos, mas que não recebem o devido valor. O Brasil é muito cruel neste sentido". Com estrutura simples, O Palhaço traz reflexões sobre unidade familiar, busca da identidade e vocação. "Poderia ser a mesma história com um advogado que quer largar a carreira e ser saxofonista. Fico sonhando que as pessoas se identifiquem", disse o diretor.
Os filmes Riscado, primeiro longa-metragem do diretor Gustavo Pizzi e Medianeras, do argentino Gustavo Taretto, foram os concorrentes mais bem recebidos pelo público. Medianeras, que aborda as relações humanas de uma geração que resolve sua vida toda praticamente por meio da internet, recebeu diversas salvas de palmas do público. Por outro lado, o longa-metragem Ponto Final, do carioca Marcelo Taranto, decepcionou. A inspiração em um texto de teatro não funcionou na tela e trouxe diálogos e filme arrastados. Sobre as críticas, Taranto rebateu dizendo que quis fazer um filme autoral e que "se eu conseguir 100 mil espectadores está ótimo. O filme tem o tamanho dele". Os três longas-metragens têm estreia comercial no país no fim deste mês e no início de setembro.
Celebridades
Ao contrário do Palácio dos Festivais, que esteve somente próximo da lotação total dos 1,1 mil lugares na exibição de O Palhaço, os arredores do tapete vermelho ficam repletos de turistas e moradores no início das noites, quando iniciam as projeções da Competitiva. A passagem de atores famosos, como Sérgio Marone, Luciano Szafir, Dalton e Selton Mello, além de atrizes, como Carol Castro e a gaúcha Larissa Maciel, ainda é o principal chamariz de público. As projeções, com ingressos considerados salgados pelos moradores (nos primeiros dias, cerca de R$ 70), não conseguem ser atrações por conta própria e o festival acaba dependente desta dinâmica que inclui famosos, gritaria e autógrafos.
Até o fim da programação no dia 13 de agosto, dia da solenidade de premiação, serão exibidos 14 longas-metragens e 20 produções da Mostra Gaúcha.
A repórter viajou a convite da Oi.
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