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À medida que a personagem Ida (Agata Kulesza) descobre detalhes de seu passado, a fotografia em preto e branco parece ficar mais e mais cinza | Divulgação
À medida que a personagem Ida (Agata Kulesza) descobre detalhes de seu passado, a fotografia em preto e branco parece ficar mais e mais cinza| Foto: Divulgação

Oscar 2015

Ida disputa o Oscar de filme estrangeiro e o de fotografia (que remete ao cinema dos anos 1960, inclusive no formato de tela escolhido pelo diretor).

O diretor

Pawel Pawlikowski nasceu na Polônia, mas viveu na Inglaterra e dirigiu Estranha Obsessão (2011), um thriller com Ethan Hawke e Kristin Scott Thomas.

Cinema

Veja informações deste e de outros filmes no Guia da Gazeta do Povo.

Ida é exigente. Não se pode ver o filme despretensiosamente. Cinza, frio e silencioso, ele tem uma fotografia linda em preto e branco e representa a Polônia na categoria de melhor filme estrangeiro do Oscar 2015.

Você se lembra de uma cena em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa (1977) em que, no cinema, Diane Keaton diz para Woody Allen que não está no clima de ver um documentário sobre nazismo com quatro horas de duração? Ela se referia ao filme A Dor e a Piedade (1969), de Marcel Ophüls.

Ida não é tão longo – tem apenas 80 minutos de duração –, mas faz parte desse mesmo grupo de obras com ambições políticas, históricas e sociais (embora se argumente que toda obra de arte que se preze precisa ter ambições assim). É, enfim, algo que você precisa "estar no clima" para ver.

Ida não é um documentário e sim uma alegoria sobre a sociedade pós-stalinista da Polônia, mostrando nos anos 1960 – época em que se passa a história – o que sobrou de uma nação arrasada pelo comunismo e pela Segunda Guerra Mundial.

A noviça Anna (Agata Trzebuchowska) está a alguns dias de se ordenar freira dentro do convento onde foi criada. Antes, a madre determina que Anna terá de encontrar a tia de quem nunca tinha ouvido falar até então. Wanda (Agata Trzebuchowska), uma juíza que bebe e fuma demais, é toda a família que resta à garota.

Mesmo relutante, Anna vai. Na primeira conversa com a tia – um encontro desajeitado e indiferente –, Wanda dá à sobrinha um monte de informações que ela não tinha. A começar pelo fato de que é judia e se chama Ida Lebenstein.

Ida não parece surpresa, mas faz questão de visitar o túmulo dos pais, mortos no Holocausto e enterrados em local incerto, numa cidadezinha longe dali. A viagem feita pela dupla domina quase todo o filme: a menina em busca da própria história e a mulher disposta a confrontar um passado que a assombra.

Ida fala muito pouco, mas diz muito com as atitudes que toma. Confrontada pela tia sobre a escolha de se tornar freira, decide experimentar a vida fora do convento e isso inclui bebida, cigarro e sexo. Ao fim, ela tomará uma decisão e de novo conseguirá ser contundente sem dizer nenhuma palavra.

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