Berlim O Prêmio Nobel de Literatura Günter Grass assegurou que continuará "abrindo a boca" para criticar personalidades da vida pública alemã, apesar das opiniões que consideram que ele perdeu seu direito de ser a consciência da nação, após confessar que fez parte da Waffen-SS nazista em sua juventude.
"Continuarei abrindo a boca quando considerar conveniente e não tenho nada a retratar do que disse no passado", disse Grass durante a apresentação de sua biografia Beim Hauten der Zwiebel, no Teatro Berliner Ensemble.
Para se defender, Grass citou o exemplo da chegada à Chancelaria, em 1966, do democrata-cristão Kurt Kiesinger, o que foi aceito pela sociedade alemã de então, apesar de esse político ter pertencido ao partido nazista.
Naquele momento, Grass criticou a sociedade alemã por aceitar a chegada de Kiesinger ao poder. Muitos de seus críticos dizem agora que o escritor não tinha envergadura moral para isso, já que também tem um passado nazista.
"Não aceito essa comparação. Pertenço a uma geração que se deixou seduzir e nunca escondi isso. Mas Kiesinger entrou para o Partido Nazista sendo um homem adulto antes de 1933 e, no entanto, a sociedade alemã o aceitou como chanceler e isso continua me parecendo inadmissível", disse Grass.
Grass explicou que guardou silêncio por tanto tempo sobre sua participação nas SS porque desejava que esse dado de sua biografia fosse entendido dentro de um contexto.