Exceto em conversas de DJs e colecionadores, blogs especializados e adesivos "Obey", colados em fendas urbanas de Nova York, Tim Maia ainda é uma incógnita ao Norte do Equador. O que não é tão óbvio sendo que Caetano, Jorge Ben Jor e Os Mutantes viveram dias de glória cult internacional em décadas recentes, anos em que a bossa foi trocada pela Tropicália nas playlists de brasiliófilos descolados.
No entanto, um lançamento e comemorações internacionais dos 70 anos de Sebastião Rodrigues Maia indicam que nosso grande soul man caminha para ter o merecido reconhecimento no país para o qual se mudou na adolescência, sonhando em ser um cantor de rock.
"Tenho certeza de que deixamos de fora muitas canções que os brasileiros veneram. Mas você sabe: fizemos este disco para pessoas fora do Brasil. E você tem noção de que quase ninguém o conhece fora daí, não?", conta Yale Evelev, chefe da gravadora Luaka Bop, de David Byrne.
O disco a que Yale se refere é "Nobody Can Live Forever: The Existential Soul of Tim Maia", que a gravadora lança na terça-feira que vem (disponível em vinil duplo e MP3, pelo iTunes). Trata-se de uma coletânea com foco nos primeiros anos da obra de Tim Maia, lançada como cartão de visitas do cantor. Entre os destaques estão faixas de "Racional", volumes 1 e 2, ao lado de outros destaques da discografia de Tim nos anos 70.
"Escolhemos as canções que na primeira audição teriam mais impacto em nosso público", diz Yale, que trabalha há anos para conseguir lançar as faixas. A ideia do projeto surgiu de Paul Heck, curador do projeto Red Hot + Rio, que promove duetos entre artistas brasileiros e internacionais. Heck escolheu as preferidas. Yale também deu palpites, assim como Greg Kaz, especialista em música brasuca, residente de festas no Brooklyn e de Manhattan que se tornou um dos grandes disseminadores da música brasileira no underground nova-iorquino, ao lado de Joel Stone, dono da famosa loja Tropicália In Furs, antro da psicodelia made in Brasil de Nova York.
As raridades a que Yale se refere são as faixas do "Tim Maia Racional", discos raros aqui no Brasil, que chegam a custar US$ 250 nos EUA. O fato do disco ser lançado pela Luaka Bop também tem importância: a gravadora de David Byrne, do Talking Heads é responsável pelo lançamento de ícones como Caetano, Gilberto Gil Chico Buarque, Gal Costa, Tom Zé e Os Mutantes.
Alguns dias antes do lançamento, na data do septuagésimo aniversário de Tim Maia, (sexta-feira, dia 28), uma festa coletiva internacional será feita em homenagem ao cantor. Rádios e lojas de discos de Nova York, Londres, Estocolmo e Belo Horizonte, entre outras cidades, recebem DJs que tocarão sets dedicados a celebrar a obra do cantor. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Nobody Can Live Forever
Luaka Bop. US$ 26 (vinil duplo) e US$ 8 (pelo iTunes)
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