A indústria fonográfica ainda não sabe o que fazer com a nova (des)ordem mundial que a internet lançou no ar há uns anos. Mas faz suas tentativas - CDs e DVDs ao vivo, por exemplo, estão entre as mais recorrentes. Outro caminho que as gravadoras apontam é vasculhar seus arquivos em busca de "novidades" antigas da MPB. Bom para quem gosta de música sem se importar com sua idade. 2006 foi um ano bom de relançamentos, dos medalhões a artistas completamente (alguns injustamente) esquecidos, e nesse balaio, você pode encontrar boas sugestões de presente para o Natal. Pensando nisso, as gravadoras fazem alguns deles chegar às lojas neste mês, como o primeiro volume de uma caixa de Caetano Veloso e os discos de programas infantis da Globo dos anos 80.
Talvez o relançamento mais importante do ano tenha sido o de Maria Bethânia, que teve toda sua obra de volta às lojas, num projeto do produtor e pesquisador Rodrigo Faour. A discografia da artista, de 1965 até os dias de hoje, foi lançada simultaneamente pelas gravadoras pelas quais ela passou. Álbuns clássicos como o "Recital na Boite Barroco", "Maria Bethânia canta Noel Rosa e outras variedades", "Álibi" e "Mel" ganharam edições caprichadas.
Neste mês, será lançado o primeiro volume de "40 anos Caetanos", uma série de quatro caixas de Caetano Veloso, em comemoração às quatro décadas da carreira do artista. Tom Jobim foi lembrado em 2006 com o relançamento de "No Tom da Mangueira" pela Biscoito Fino. O disco traz vários intérpretes, encabeçados pelo maestro, cantando músicas sobre ou para a escola, como "Piano na Mangueira" .
Os discos antigos de Chico Buarque também mereceram atenção. A Som Livre lançou seus três primeiros trabalhos, mostrando o artista em formação mas já compondo clássicos como "Olé olá", "Roda viva" e "A banda". Até o fim do ano, a Universal relança 17 álbuns da carreira do artista remasterizados. A gravadora fez o mesmo com Gilberto Gil no início do ano.
Até o fim do ano, Elis Regina retorna via Trama com o disco "Elis" (com o DVD com sua participação no programa "Jogo da verdade", da TV Cultura), de 1980. Rita Lee também teve um antigo programa de TV lançado em DVD neste ano, "Rita Lee Jones". Ainda este mês, projetos semelhantes com Paulinho da Viola e Cartola (Ensaio) chegam ao DVD.
O primeiro volume do cult Tim Maia Racional, fora de catálogo há décadas, voltou este ano pelas mãos da Trama. O também (até então) raro "No Tom da Mangueira", de Tom Jobim, foi relançado pela Biscoito Fino.
Várias gravadoras fizeram pacotes especiais de relançamentos ao longo do ano. A Trama teve a "Coleção RGE", com 18 discos de nomes como Azimuth (homônimo), Luiz Melodia ("Mico de circo"), Pena Branca e Xavantinho ("Uma dupla brasileira"), Fundo de Quintal ("Seja sambista também") e Jorge Aragão ("Chorando estrelas"). Do mesmo arquivo da RGE, a Som Livre montou a "RGE clássicos", repleta de raridades. Nela, estão CDs de Maysa (seus dois primeiros discos), Miltinho ("Eu, Miltinho"), Marlene (o ao vivo "É o maior"), Novos Baianos ("Ferro na boneca") e Quarteto em Cy ("Caminhos cruzados").
Charles Gavin organizou a série "Som Livre masters" e "Som Livre Master 2", repleta de artistas de bossa-jazz, como Don Junior, Manfredo e seu conjunto, Sambrasa Trio, Zimbo Trio e Osmar Milito. Mas também tinha Os Brazões (grupo que acompanhou Gal Costa), Conjunto A Voz do Morro (Zé Ketti, Nelson Sargento, Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho e José Cruz), o raríssimo Brazilian Octopus (grupo que contava com Hermeto Paschoal na formação), as trilhas de "Vila Sésamo" e "Sítio do Picapau Amarelo", Tim Maia, Marcos Valle, Tom Zé, Novos Baianos (o clássico "Acabou chorare" ), Trio Mocotó, Toquinho, Joelho de Porco e Francis Hime, entre outros. Até o fim do ano, vem mais por aí, com novelas e especiais infantis como "Plunct Plact Zum".
A Warner dedicou-se às cantoras na série "As divas". A série inclui raridades de artistas como Emilinha Borba ("Calendário musical", de 1957), Angela Maria ("Quando a noite vem", de 1961, Doris Monteiro ("Vento soprando", de 1958), Aracy de Almeida ("Ao vivo e à vontade", 1988) e Vanusa ("Vanusa", 1973).
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