O Green Day é a banda punk mais bem-sucedida de todos os tempos. Com 23 anos de estrada, o trio californiano formado por Billie Joe Armstrong (guitarra e voz), Mike Dirnt (baixo) e Tré Cool (bateria) já vendeu mais de 65 milhões de discos. Sucesso bastante para ser constantemente acusado de "trair o movimento", como diria Dado Dolabella.
Se um punk "de raiz" como ele cedesse à tentação de se dobrar ao "sistema" e tivesse dinheiro suficiente para aparecer no show dos caras na Arena Anhembi, em São Paulo, no último dia 20, teria ganas de usar a machadinha. Para começar, momentos antes da apresentação, um deles (não era possível identificar qual) apareceu no palco com uma fantasia cor-de-rosa de coelhinho, bebendo cerveja e rebolando ao som do Village People.
Às 21h35, 25 minutos antes do programado e usando figurinos impecáveis, Billie Joe, Tré Cool e Mike dariam início a uma verdadeira festa, digna dos mais extravagantes nomes do hard rock, como Kiss, Van Halen das antigas e Alice Cooper.
Durante quase três horas, o power trio acompanhado de três músicos de apoio fez muito mais do que tocar os seus maiores sucessos. Foram 36 músicas, medleys, fãs ensandecidos no palco um deles, convidado por Billie Joe para cantar "Longview", teve uma performance tão arrebatadora que ganhou a guitarra do ídolo , trocas de instrumentos, fantasias, fogos de artifício, explosões, labaredas, fumaça colorida, papel picado e muitos "brinquedinhos": jatos dágua, uma bizarra máquina de jogar papel higiênico e até uma bazuca de ar comprimido, que lançava bichinhos de espuma na galera.
Apesar de toda essa parafernália, o show foi punk sim pelo menos na atitude e na energia. Na última apresentação da turnê 21st Century Breakdown em solo brasileiro, acima de tudo a banda queria se divertir: prova disso é que Billie Joe fez uma série de citações a clássicos do rock, como "Iron Man", do Black Sabbath; "Rock n Roll", do Led Zeppelin; "Sweet Child O Mine", do Guns N Roses; "Highway to Hell", do AC/DC; "Satisfaction", dos Rolling Stones; "Break on Through", do The Doors, e "Hey Jude", dos Beatles. Como (felizmente) não havia nenhum punk fundamentalista entre as 20 mil pessoas presentes, posso resumir o show numa palavra: épico.
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