Introspectivo
"Sempre gostei do humor mais triste", diz comediante
Em conversa coma Gazeta do Povo, Gregório Duvivier conta que o humor mais introspectivo e discreto, até mesmo triste, sempre chamou sua atenção, desde Charles Chaplin até os roteiros e a atuação do cineasta Woody Allen. "É isso que quero fazer da minha vida", diz o ator.
Para segurar essa tensão solo existente no monólogo de Uma Noite na Lua, ele passou três meses em treinamentos circenses. "Aprendi acrobacia de solo e até a andar de monociclo", brinca. "Não usei nada disso, mas aprendi sobre equilíbrio e todas as possibilidades que um ator sozinho no palco pode ter."
Ele elogia o texto da peça como o melhor que já leu. "É muito bom ver o público se surpreender, porque as pessoas não estão mais acostumadas a se emocionar. No meio da peça, você vê que a plateia chora", conta.
Apesar de os integrantes do site Porta dos Fundos estarem cada vez mais em evidência com projetos individuais, Gregório conta que a ideia é aumentarem esse projeto coletivo e criar novos produtos de humor. Em abril, ele estrela um seriado do portal, sempre na internet, sobre política, e outros dois em agosto e outubro.
Na "carreira solo", a ideia é lançar em julho um livro com as crônicas que vem escrevendo para o jornal Folha de S.Paulo.
Programe-se
Uma Noite na Lua. Teatro da Caixa (R. Cons. Laurindo, 280), (41) 2118-5111. Monólogo com Gregório Duvivier. Dias 7 e 8, às 20 horas, e 9, às 19 horas. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Classificação indicativa: 12 anos. Sujeito à lotação.
Um homem, sobre um palco, sozinho, sofrendo a ausência de Berenice. Na verdade, ela está lá o tempo todo, como destinatária de tudo que ele pensa, ou tenta pensar. Um escritor sem ideias é o protagonista de Uma Noite na Lua, monólogo que o ator Gregório Duvivier traz de volta a Curitiba de sexta-feira a domingo, no Teatro da Caixa. Ele apresentou o espetáculo na cidade durante o último Festival de Teatro, com boa aceitação.
O ator, um dos integrantes das esquetes de humor para internet Porta dos Fundos, recebeu o Prêmio da Associação dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (APTR) 2013 de melhor ator pelo papel.
Parece curioso ver Gregório num monólogo ele vem de uma experiência com teatro de grupo, o Tablado. No portal web pelo qual ficou conhecido e do qual é idealizador, faz um trabalho de equipe acirrado: são duas estreias semanais. Por isso, soa inusitado vê-lo sozinho no palco, ainda mais com um texto que pode ser considerado melancólico, em que as reminiscências do personagem e a angústia do presente transparecem não só nas palavras, mas também na voz e trabalho corporal do ator. Mas, como ele afirma, trata-se de um texto completo, que dá espaço para o humor especialmente na forma de atuação, com a qual o público ri em muitos momentos.
Uma Noite na Lua é uma remontagem, cuja estreia ocorreu em 1998, com atuação de Marco Nanini. Se não bastasse a sombra do figurão cênico a pesar sobre o espetáculo, Gregório lida ainda com a direção do pai da namorada (Clarice Falcão), o também autor do texto, João Falcão.
O resultado, a julgar pelos trechos disponíveis na internet, é um trabalho intenso em que, ao longo de 60 minutos, o ator se desdobra entre diálogos imaginários com a plateia, com a amada agora distante e até com Deus.
Uma das diferenças em relação à versão dos anos 1990 é que agora não há cenário: o ator segura o olhar do espectador durante toda a peça, usando para isso muita movimentação e brincando com a iluminação.