Os desfiles das escolas de samba de Curitiba começaram com um protesto contra o corte de verbas realizado pela prefeitura em 2017. Em seu grito de carnaval, a escola Império Real de Colombo, que abriu os desfiles do grupo de acesso, acusou a prefeitura de desrespeito e desprezo contra as pessoas que fazem e gostam de carnaval em Curitiba. “A prefeitura não financia o carnaval de Curitiba. Ela dá uma ajuda de custo. Um desfile custa R$ 70, 80 mil”, afirmou Márcio Marins de Jagun, carnavalesco da Império Real. Neste ano, a prefeitura de Curitiba reduziu a verba das escolas de samba para R$ 22 mil (para cada escola do grupo de acesso) e R$ 36,8 mil (para as escolas do grupo especial). No ano passado, a prefeitura destinou um total de R$ 394,2 mil às escolas de ambos os grupos.
A prefeitura reduziu a verba destinada às escolas de samba devido a falta de recursos, mesmo motivo apresentado para o cancelamento de alguns eventos de pré-carnaval.
Greca comparece ao desfile
O prefeito Rafael Greca passou pela Marechal Deodoro durante o desfile das escolas do grupo de acesso. Acompanhado de seguranças, surgiu na passarela seguindo a passagem da escola Os Internautas, de Pinhais. Vestindo uma camisa com o emblema da prefeitura de Curitiba, o prefeito ensaiou uns passos de samba e cumprimentou algumas pessoas que estavam na plateia.
Desistências
A redução no repasse de dinheiro público foi o motivo alegado por algumas escolas para não desfilarem este ano. “Tivemos que cortar o desfile porque não tinha dinheiro. Ano passado tivemos oito carros alegóricos. Este ano eu não poderia dizer não a metade da escola e trazer menos componentes”, afirmou o presidente da Leões da Mocidade, Vilmar Alves, que não desfilou no carnaval 2017. “Isso é simplesmente uma falta de respeito por parte da prefeitura. Chega em cima da hora eles dizem uma coisa e praticam outra”, disse. A escola Unidos de Pinhais, que chegou a ser confirmada entre as que desfilariam pelo grupo de acesso, também não participou dos desfiles de 2017.
Segundo Marins, da Império Real, o dinheiro destinado pela prefeitura às escolas só foi depositado na última quarta-feira, dia 22. “Não adianta falar que é burocracia. Se fosse por isso, que a prefeitura lançasse o edital no dia 1º de janeiro. Existe uma comissão de carnaval para isso”, disse o carnavalesco. “O carnaval gera imposto, movimenta a economia. Mas existe o mito da cidade que não gosta de carnaval”, completou, apontando para as arquibancadas cheias da Marechal Deodoro. “Com mais apoio o espetáculo poderia ser muito mais bonito”, afirmou.
“É muito sofrimento ser dependente de uma situação como a verba da prefeitura ser repassada só na quarta-feira”, disse o presidente e carnavalesco da Embaixadores da Alegria, Ronald Salvatore, na dispersão da escola após o desfile. “A comunidade fica apreensiva, sem saber se vai dar certo. Nós tínhamos planejado trazer quatro carros alegóricos, mas acabamos conseguindo trazer só um”, completou. Neste ano, devido à redução de verba anunciada pela prefeitura, há pouco mais de um mês do carnaval, as escolas de samba de Curitiba decidiram não competir: “Já seria complicado começando a um ou dois meses antes do carnaval. Agora, em três dias? Como ficar apto a competir?”, questionou Ronald.
Terceira escola do grupo especial a desfilar em Curitiba, a Acadêmicos da Realeza optou por reutilizar neste ano o mesmo enredo de seu ano de fundação, 1997, “Querem acabar mas eu não deixo”. O enredo faz alusão às dificuldades do relacionamento entre escolas de samba e o poder público. A letra do samba diz: “Você que só pensou no próprio umbigo/ Não me chame de amigo/ A aliança se rompeu/ Eu vou pedir/ Me dê, me dá o que é meu”.
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