Charlotte Gainsbourg não é uma grande cantora. Mas tem a vantagem de ter perfeita consciência disso. Sua aproximação com a música parece ser, para ela, mais um meio de expressão, uma espécie de desdobramento de seu trabalho como atriz, bastante consistente. E isso faz de seus discos sempre muito interessantes: ela tem, invariavelmente, algo a dizer.
VÍDEO: Assista a um trecho do DVD Stage WhisperVÍDEO: Veja o clipe Terrible Angels
Stage Whisper, novo álbum da artista, premiada estrela de filmes como Anticristo e Melancolia (ambos de Lars Von Trier), foi lançado na Europa, em sua edição especial, com CD duplo, um EP gravado em estúdio e o outro, ao vivo há, também, uma versão em DVD do show, ainda inédito por aqui. No Brasil, assim como nos Estados Unidos, todas as faixas foram reunidas em um único disco, o que pode causar um certo estranhamento a quem o ouve. Mas, ainda assim, sua chegada ao mercado nacional é motivo de festejo.
O título do álbum, que em português quer dizer "Sussuro no Palco", faz total sentido. Com dotes vocais limitados, sem grande extensão e um timbre muito particular, Charlotte canta "pequeno", quase declamando as letras, como se estivesse no ouvido do público, justamente a sussurrar. E, como é grande atriz, sabe fazê-lo, seja em inglês ou em francês, idiomas que domina como falante nativa, conferindo sentido e profundidade às palavras.
Há quem tenha torcido o nariz para as versões ao vivo de alguns dos sucessos da filha do compositor, cantor e cineasta Serge Gainsbourg, um dos maiores ícones culturais da França, e da atriz e também cantora britânica Jane Birkin. Disseram que canções como "IRM", "Heaven Can Wait", "Jamais" ou "The Songs That We Sing" ficaram piores, porque, devido a suas limitações, Charlotte teria sido "sufocada" pela banda vale lembrar que seus discos contam com produção de artistas do calibre do norte-americano Beck e do inglês Jarvis Cocker (da banda Pulp). Bobagem: não entenderam que ela não se comporta como estrela da música, mas como parte de um conceito estético dentro do qual sua voz, balbuciada e intimista como é, está no palco como mais um instrumento.
Assistindo no YouTube a trechos do DVD, percebe-se que, ao vivo, sem os recursos de estúdio, a voz de Charlotte, de fato, pode menos. Mas ela compensa isso amplamente com uma forte presença de palco, que não se confunde com o estrelismo bem-vindo de uma popstar ou de um vocalista de banda. Sua atuação é de outra ordem, a da performance, em um sentido mais teatral da expressão.
Dentre as faixas de estúdio de Stage Whisper, que, na versão brasileira, correspondem às oito primeiras músicas, merece destaque a ruidosa, suja e dançante "Terrible Angels", que abre o CD. Aliás, no clipe, dirigido por Nathalie Canguilhem, Charlotte brinca com a ideia de ser uma estrela do rock ou do pop. Nele, ela participa de uma insana e divertidíssima coreografia que lembra muito o vídeo de "Bad", de Michael Jackson, dirigido por Martin Scorsese em 1987.
Novo álbum de Charlotte Gainsbourg reúne faixas de estúdio e registros de shows da atriz e cantora anglo-francesa
Dirigido por Nathalie Canguilhem, o videoclipe da primeira música do CD de Charlotte conta a história de uma estrela participando de uma coreografia insana
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