Agenda
Vida
Teatro Sérgio Porto (R. Humanitá, 163 Rio de Janeiro), (21) 2535-3846. Hoje, às 18 horas, e amanhã, às 20 horas. R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada). Classificação indicativa: 14 anos.
Se a Companhia Brasileira alcançou ótima repercussão em seus últimos trabalhos, o que esperar do próximo, projetado a múltiplas mãos pelo país afora?
Durante oficinas a serem realizadas em cinco capitais nos próximos meses e apresentações de quatro espetáculos de repertório, o grupo curitibano pretende deixar-se contaminar por questões diversas da brasilidade, por meio do encontro com diferentes artistas.
Na bagagem, eles levam o interesse por clássicos e contemporâneos da literatura nacional: Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Júnior, Darcy Ribeiro, Euclides da Cunha, Guimarães Rosa, além do confronto entre a história escrita por historiadores e jornalistas.
Essas referências, porém, podem não ser reconhecidas no trabalho final, brasil, que deve estrear em 2015, com dramaturgia própria (antes disso sai o segundo trabalho da companhia com Renata Sorrah, Krum, do israelense Hanoch Levi).
"Vamos ficar repletos dessa experiência pelo país, muito mais que falar da cultura ou outro traço brasileiro", contou à Gazeta do Povo o diretor Marcio Abreu. "Esse trabalho tem muito mais a vocação de ser um resíduo dessa experiência nacional, assim como Vida foi um resíduo da convivência com a obra do Leminski."
Durante as viagens pelo país, a ideia é manter antenas ligadas para tudo o que significa ser brasileiro. A primeira oficina-encontro, com 20 pessoas, aconteceu ontem no Rio de Janeiro, e desembarca em Brasília nesta semana. Os próximos destinos, marcados para 2014, serão em Manaus, Porto Alegre e Salvador.
Não interessa apenas o diálogo com outros artistas, mas também um mapeamento dessas cidades tão díspares. "Em Brasília, por exemplo, não vamos desviar da arquitetura da cidade e do mapa político que determina essa cidade como capital do país", acrescenta Abreu.
A itinerância não é novidade para o trio, que inclui Nadja Naira e Giovana Soar. Há três anos, o sucesso de Vida levou o grupo a viagens frequentes recentemente, Abreu foi jurado do Festival de Teatro de Manaus.
Parcerias com outras companhias também são regra, e não só no país. Há dois anos, um intercâmbio com dois grupos franceses leva a companhia com frequência à França o que deve culminar no ano que vem em mais uma criação, conjunta, com estreia francesa.
Esta Criança
A Brasileira, como é conhecida no meio teatral, transferiu-se temporariamente em 2012 para o Rio de Janeiro durante a produção de Esta Criança, com dramaturgia do francês Joël Pommerat. Mas o grupo nunca deixou de ter sua sede no Largo da Ordem.
Em março, Esta Criança foi a grande vencedora do 25.º Prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro, com troféus em quatro categorias: direção (Marcio Abreu), atriz (Renata Sorrah), cenário (Fernando Marés) e iluminação (Nadja Naira).
O espetáculo estreou em Curitiba durante o Festival de Teatro deste ano, mas só encontrou pauta para entrar em temporada nas primeiras semanas de dezembro próximo, no Guairinha.
A companhia levou ainda o APCA de 2012 por Isso te Interessa?, espetáculo com roteiro da francesa Noëlle Renaude. Terceira peça da companhia a integrar a circulação do Projeto Brasil, Oxigênio também foi premiada com o Shell de São Paulo de melhor ator para Rodrigo Bolzan em 2011. O quarto espetáculo a circular neste e no próximo ano é Descartes com Lentes, monólogo com Nadja Naira.