Programe-se
Lapses
Teatro da Reitoria (R. XV de Novembro, 1.299), (41) 3360-5066. Com a Téssera Companhia de Dança da UFPR. Dias 5 a 9 às 21 horas. Entrada franca.
Quando a humanidade anda em círculos, a arte retoma temas passados. Por isso, o grupo de dança moderna da Universidade Federal do Paraná, Téssera, volta a abordar a angelologia em Lapses, que estreia hoje e fica até domingo no Teatro da Reitoria.
Foi uma matéria abordada também em O Anjo (1994) e O Anjo Negro (2007). "O ser humano começa a perder valores, e está fazendo um resgate de sua relação com o espiritual. Então, pensamos que seria legal falar do assunto novamente", justifica o coreógrafo Rafael Pacheco, que vê nesta estreia o encerramento de uma trilogia.
Dessa vez, porém, os bailarinos surgem nada angelicais, com figurino "abstrato-gótico-contemporâneo", sem asas, e cordas de rapel que, de acordo com o grupo, deve impressionar.
A peça, cujo título remete à queda de Lúcifer, aborda o período anterior à decadência desse personagem da tradição judaico-cristã. Ele começa o espetáculo como um entre muitos anjos, e aos poucos assume uma postura corporal diferente.
"Em 90% do tempo ele está brigando com Deus, dizendo que vai pular, vai cair, vai fazer o seu mundo. E o mal está no mundo, não tem como negar."
Outras referências religiosas são feitas, já que há mais três personagens Rafael, o pacificador, Miguel, o guerreiro, e Gabriel, o mensageiro.
Os integrantes da companhia também foram treinados pelo maestro Álvaro Nadolny na arte de vocalizar palavras em aramaico e latim. Com o uso de sons, Lúcifer grita e geme. "Paenitenimi", ou "arrependa-se", pedem os anjos.
Simbolismos
Para o espetáculo, a companhia pesquisou o significado bíblico de alguns anjos. Baseados nesse conteúdo, os quatro personagens principais realizam movimentos com altas doses de simbolismo em meio a um elenco de 17 bailarinos.
Lapses encerra o ciclo comemorativo dos 30 anos da companhia Téssera. Para o ano que vem, deve ser lançado um livro com mais de 300 páginas e 140 fotografias que contam toda a trajetória. "Não abordamos o período após a queda, porque seria necessário contar toda a história da humanidade."
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