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Com 28 anos de formação, os mineiros do Grupo Galpão voltam às suas origens ao trazer para São Paulo o espetáculo de rua "Till, a Saga de um Herói Torto", de hoje até domingo no Sesc Pompeia e em 31 de outubro e 1° de novembro no Parque da Independência.

A peça foi selecionada para vir à capital pelo público, pessoalmente ou por e-mail, segundo o diretor da peça, Julio Maciel, 42 anos. A mais votada foi a representação Till Eulenspiegel, inspirada no texto de Luís Alberto de Abreu.

"O grupo viaja para muitas cidades que não têm teatro, daí a essência do teatro na rua. Isso faz com que estejamos sempre prontos para competir com barulho de ônibus, latidos de cachorros, meninos de rua cheirando cola. É um encontro democrático com a rua", conta Julio.

A história se passa no contexto da Idade Média e Till é a alma escolhida para ser testada por Deus e o Demônio. Na ocasião, o Demônio aposta com Deus que se tirasse do homem algumas qualidades, ele cairia em perdição. Deus aceita o desafio e resolve trazer ao mundo a alma de Till, protagonizado pela atriz Inês Peixoto, há 17 anos no Galpão.

Till vive em uma Alemanha miserável e, ao passar fome e frio, percebe que a única maneira de sobreviver é se tornar mais esperto e enganador, o que faz sua figura lembrar o brasileiro Macunaíma. "O anti-herói mostra a realidade que está aí, diante de nós. Há muitas pessoas no Brasil e no mundo, que como ele, lutam querendo sobreviver", diz Inês.

Mesmo sendo espertalhão,Till não decepciona Deus. Mas também não avança. "Till e os arquétipos sociais presentes no espetáculo, como padres, comerciantes e cegos, representam bem a utopia de não chegar a lugar nenhum", diz Chico Pelúcio, que faz o Demônio. Para ele, seu personagem está no imaginário - de quem sempre torce contra o diabo.

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