Quando ouviram os mineiros do Uakti fazendo percussão batucando em canos de PVC, com um instrumento chamado Grande Pan, ou chinelofone, o quarteto da banda Spyzer achou que aquilo não combinaria com a música deles. É até compreensível. Na época, em 2004, a banda ainda se chamava Black Tie e tocava de Beatles a música pop em geral, todos, como o nome sugeria, engravatados.
O tempo passou e a sonoridade deles começou a transitar pela música eletrônica, de baladas à house music. A banda mudou seus conceitos e, enfim, trocou de nome. Agora, eles são o Spyzer, grupo formado por Andy (vocal e sintetizadores), 30 anos; Jay, 29 (percussão, bateria e vocais), Lhux, 35 (guitarra, violões e produção visual) e Rick, 27 (instrumentos de sopro e percussão.
A ideia do Grande Pan tinha ficado na cabeça. Só em agosto de 2005, um amigo mostrou que os americanos do Blue Man Group conseguiram inserir o instrumento numa apresentação, veio o estopim que faltava. "Falamos para o Rick (percussionista da banda) se virar e conseguir um desses", conta Jay, vocalista, baterista e também percussionista.
E ele "se virou". Foram oito meses comprando tubos de PVC, cortando em diferentes medidas, batucando com chinelos de dedo, até achar a sonoridade necessária para passar a utilizá-lo nos shows. Para viajar, no entanto, o Grande Pan precisou ganhar uma estrutura especial. "É um instrumento grande (1,50 metro de altura, por 1 metro de largura e um 1 metro de comprimento). Para entrar nos aviões, precisamos dividi-lo em dois. São duas partes e cada uma pesa 50 quilos", explica Jay.
O esforço, porém, valeu. Ao ouvir pela primeira vez "Inspyzeractivity", sétima música do disco de estreia, que leva o mesmo nome da banda, a percussão tribal chama a atenção. É o Grande Pan em ação. Mas a sonoridade deles não se resume a isso. Influenciado por muita música eletrônica, os paraenses do Spyzer testam de tudo em seus shows. Outro destaque é o didgeridoo, instrumento de sopro originário das tribos de aborígenes australianas, usado por grandes bandas, como o Jamiroquai, por exemplo. No CD, o instrumento também ganhou uma música só para ele: "Get My Didge".
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