Gargólios, da London Dry Opera marca o retorno do diretor Gerald Thomas aos palcos do Festival de Teatro de Curitiba este ano| Foto: Divulgação
Walderez de Barros em Hécuba, de Gabriel Villela
Eclipse: segunda incursão do mineiro Galpão ao universo de Tchékhov

Há alguns anos, uma das propostas do Festival de Curitiba tem sido trazer para a capital paranaense espetáculos que não só promovam uma fusão de linguagens artísticas em cena, como também apresentem repertórios autorais consolidados. Embora o foco do Festival não esteja nos grandes grupos teatrais, mas nas encenações, como afirma seu diretor, Leandro Knopfholz, são justamente companhias consolidadas no país que, em geral, respondem por boa parte do diferencial que o evento busca. "Os grupos mais estáveis costumam ter um repertório consolidado, com linguagem própria, que garantem continuidade e, muitas vezes, trabalhos melhores", afirma.

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Nas últimas edições, o trabalho conceitual de companhias estáveis, sejam elas novas ou velhas conhecidas do público, tem revelado muitos dos melhores espetáculos do evento. Não é à toa que, nesta edição, a expectativa se volte para grupos como Os Fodidos Privilegiados, do Rio, e o mineiro Galpão que chega por aqui com Eclipse, segundo e último projeto de Viagem a Tchékhov – que no ano passado trouxe Tio Vânia para a Mostra Oficial. O grupo, um dos mais consolidados e expressivos do país, completa em 2012 três décadas de trajetória e reúne 13 atores que têm o Galpão como projeto de vida, como resume Inês Peixoto, atriz que há 20 anos faz parte da companhia.

Outro espetáculo que merece atenção é Hécuba, o clássico de Eurípides adaptado pelo diretor Gabriel Villela, com Walderez de Barros no papel título. Villela, que depois de anos volta a colaborar com o Galpão por ocasião do aniversário da companhia, é um dos mais elogiados diretores teatrais brasileiros. Em 2011, além de Hécuba e Sua Incelênça, Ricardo III, o diretor foi responsável por Crônica da Casa Assassinada, um dos espetáculos mais bem recebidos do ano passado.

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Mas um dos pontos que mais chamam atenção nesta edição são três peças que, de certa forma, giram em torno do controverso, polêmico e um dos mais importantes encenadores brasileiros, Gerald Thomas, que chegou a anunciar sua aposentadoria do teatro no fim da década passada, mas que retornou em 2011 ao lado da London Dry Opera, sua companhia inglesa. É com ela que Thomas volta ao Festival trazendo Gargólios, peça que reflete sobre o 11 de Setembro, do qual foi uma das testemunhas.

A outra peça ligada a Thomas que chega ao Festival é Licht+Licht, da Companhia de Ópera Seca, fundada por ele no Brasil na década de 1980 e que segue sob o comando de Caetano Vilela. Também relacionada ao controverso diretor está Fausto ComPacto, peça de Marcos Azevedo, com elenco encabeçado por Luiz Damasceno, que por anos foi o ator-fetiche de Thomas.