A banda vem ao Brasil, em março, como parte da turnê mundial de "In Rainbow"| Foto: Divulgação/Radiohead

Ganhadores do prêmio Grammy de melhor banda alternativa de 2008 na semana passada, o grupo inglês Radiohead cresceu, mas ainda mantém o seu lado indie. Embora venha tocar no Brasil em grandes espaços (dia 20 de março, na Praça da Apoteose, Rio; e dia 22 na Chácara do Jockey, em São Paulo), a banda ainda se considera alternativa. Foi o que disse ao GLOBO o guitarrista Ed O'Brien, por telefone:

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- Eu não penso que somos uma banda alternativa se isso tem a ver com o tamanho do lugar em que tocamos. O que tentamos é fazer diferente, e isso nos faz alternativos de certo modo. Mas eu sei que o Grammy põe os grupos mais diversos em categorias estranhas, às vezes. Mas, no fim das contas, prefiro que a gente seja conhecido como alternativos, sim - faz que explica O'Brien.

E, de fato, embora não seja campeão de vendagens, do tipo que emplaca sucessos em FMs, o Radiohead tem um forte culto de seguidores e, com sete álbuns lançados, sempre teve bom respaldo da crítica e do público, principalmente desde "OK computer" (1997), que deu uma guinada em sua carreira, pois, até então, ele era só mais uma boa banda de rock britânico. Será que rola alguma pressão interna para tentar suplantar o que foi considerado um dos melhores discos de rock dos anos 1990?

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- Realmente, não pensamos nisso. Já faz tanto tempo que "OK computer" saiu... Desde "Kid A" (o disco seguinte, de 2000) decidimos dar uma guinada em nossa carreira e gravar discos diferentes uns dos outros. Estamos sempre tentando fazer o melhor que podemos. Cada disco está ligado a um momento, a um tempo, então "OK computer" se referia àquela fase em que o gravamos. Não ficamos pensando em superar este ou aquele álbum, seguimos nosso caminho.

Recentemente rolaram boatos na internet de que a banda estaria envolvida com a trilha sonora de "Terminator salvation", o quarto filme da franquia "O exterminador do futuro". Alguma verdade nisso?

- Não sei, não li nada sobre isso. Deve ser uma coisa só do Thom (Yorke, cantor), nós da banda não sabemos de nada ainda, acho que você deve perguntar a ele...

Mas, como ele não estava lá para responder, O'Brien mesmo confirmou que o Radiohead recentemente doou uma de suas músicas para ser usada numa campanha para os sem-teto londrinos. O que mais eles fazem nessa área?

- Sim, doamos a faixa "Videotape", de "In rainbows" (disco mais recente), para ser usada num anúncio de TV. Nós não fazemos doações para caridade o tempo todo, mas já colaboramos com um disco que tinha fins beneficentes. Procuramos não sair fazendo isso gratuitamente, só para aparecer. Temos que saber exatamente o motivo para nos envolvermos em algo. Thom é o mais engajado, acho que ele é ligado a várias causas, tipo o Greenpeace e coisas assim.

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Assim como o Depeche Mode não toca mais ao vivo "Strangelove" (por ter ficado muito batida), o Radiohead não inclui mais "Creep", a canção que o lançou para o mundo, em seus shows. Não vão abrir exceção nem para o Brasil, onde jamais tocaram?

- Não, essa música está definitivamente fora de nossos sets, embora tenhamos aberto uma exceção uma vez, no ano passado, porque achamos que era apropriado. Mas, quem sabe, se for adequado, podemos tocá-la no Rio ou em São Paulo, já que nunca fomos aí. É um grande sonho para mim tocar no Brasil e conhecer o país.

Outra música, esta sim a primeira a botar a cara e o nome do Radiohead nas TVs e rádios, "Rock is dead", não está na coletânea dupla da banda. Por que ela ficou de fora?

- Infelizmente isso nada teve a ver conosco, foi tudo feito pela nossa antiga gravadora, a EMI. Antes de deixarmos a EMI, eles montaram essa compilação para ganhar mais algum dinheiro e botaram no disco o que queriam, não nos consultaram.

Falando nisso, o primeiro disco do Radiohead fora da EMI, "In rainbows", inovou ao sair primeiro online e ao ser liberado para download no site da banda, onde os fãs puderam pagar o que quisessem (ou nada) por ele. Pensam em fazer mais coisas assim no futuro?

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- Sim, tudo no mundo da música está mudando. Com "In rainbows", pensamos nessa estratégia para ver como a indústria estava funcionando e como estávamos indo em relação ao público. E a resposta foi muito boa. Mas não sabemos como vai ser o futuro. Eu ainda acho legal o CD e o vinil, uma coisa mais completa. Mas às vezes quero ouvir só uma música e baixo o MP3. Mas eu prefiro ter o disco completo.

Sobre os shows no Brasil, O'Brien disse que é fã do Kraftwerk, banda alemã que vai abrir os shows, junto com os cariocas Los Hermanos.

- Uau, vai ser a nossa primeira vez tocando com o Kraftwerk! Para mim, vai ser ótimo. Crescemos ouvindo seu som, e os discos deles são incríveis até hoje. Não sei como vai ser para a plateia, mas, para mim, serão ótimas noites.

Mas eles ainda não ouviram nada dos Hermanos.

- Não recebemos qualquer CD deles, mas tenho interesse em conhecer o som.Shows deverão ter em torno de 25 músicas

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Sobre o repertório dos shows no Brasil, ele disse que o Radiohead vai tocar um pouco de cada disco, já que será uma apresentação longa.

- Acho que vamos fazer uma mistura do material de "In rainbows" com algumas músicas antigas, já que serão umas 25 músicas no total. Vai dar para fazer uma boa mistura de épocas, sem dúvida. Como nunca estivemos aí, vai ser legal tocar "Paranoid android", por exemplo, uma música que tocamos pouco.

Antes de desligar, O'Brien disse que a banda vai ficar três dias de bobeira no Rio.

- Estou louco para conhecer a cidade, e acho que vamos nos divertir bastante nesses três dias de folga.

Atenção, meninas!

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INGRESSOS: Show dia 20 de março na Praça da Apoteose. R$ 200 (inteira) e R$ 100 (meia). Abertura do Kraftwerk e Los Hermanos. Vendas - Bilheterias do Flamengo (Praça N. Sra. Auxiliadora s/n, Gávea), das 10h às 19h, em dinheiro, ou pelo site www.ingresso.com.