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Há 25 anos hoje, John Lennon morria no saguão do prédio onde morava em Nova York. O fim brusco do período mais feliz da vida do ex-Beatle, iniciado em 9 de outubro de 1975, quando sua mulher, a artista plástica japonesa Yoko Ono, deu à luz Sean Ono Lennon, o filho que ela e John tanto desejavam. Diante do berço, ele decidiu criar Sean com todo o amor que ele mesmo não recebera, abandonado pelo pai, Fred, e pela mãe, Julia. E com a dedicação que negara ao filho de seu primeiro casamento, quando os Beatles o exigiam em tempo integral, negando-lhe a convivência com a mulher, Cynthia e o pequeno Julian, nascido em abril de 1963.

Nos cinco anos seguintes, ele se dedicou exclusivamente a Sean. Uma noite, em 1980, numa discoteca das ilhas Bermudas, ouviu "Rock lobster", do grupo new wave B-52's, que achou parecida com as músicas da Yoko. Ela fazia um som de vanguarda que todo mundo odiava, magoando John.

"É hora de pegar a velha guitarra e acordar a mulher", contou ele à revista "Rolling Stone". Em novembro de 1980, o casal lançou "Double fantasy", nome de uma flor que John vira no jardim botânico das Bermudas. A excelente repercussão do disco animou os dois, que começaram a trabalhar no disco seguinte, "Milk and Honey". E era o que faziam naquele começo de dezembro, enquanto um jovem perturbado, Mark David Chapman, transformava uma antiga antipatia por Lennon na decisão de acabar com sua vida.

Chapman se queixava de maus tratos dos pais e sua primeira revolta com Lennon foi quando soube, no grupo religioso que freqüentava em Decatur, Geórgia, que John dissera em 1966 que os Beatles eram mais populares do que Jesus Cristo. Daí ele e os amigos cantavam a letra de "Imagine "como "Imagine John Lennon is dead".

Mark usava drogas, fez tratamento psiquiátrico, teve vários empregos e não se deu bem em nenhum deles, viajou pela Ásia e Europa de mochileiro, casou com uma menina que conheceu no Havaí, transformando a vida dela num inferno. Mark lia muito, desenvolveu uma obsessão por "O apanhador do campo de centeio", de J.D.Salinger, sobre um jovem, Holden Caulfield, que enfrenta a dura realidade do mundo adulto, considerado um dos livros mais importantes do século passado.

Quando soube que John Lennon tinha voltado à vida artística, leu muito sobre ele, revoltando-se por ser ele um cara que pregava a paz e a igualdade e era um milionário, um hipócrita que se achava mais importante do que Jesus Cristo. Decidiu que iria a Nova York dar-lhe uma lição.

O livro "Mark David Chapman, o homem que matou John Lennon", de Fred McGunagle, detalha suas ações nos dias 6, 7 e 8 de dezembro de 1980, quando atingiu Lennon com quatro dos cinco tiros disparados contra o ex-Beatle.

Chapman chegou a Nova York vindo de Honolulu, Havaí, no dia seis, um sábado, hospedando-se num albergue da Associação Cristã de Moços na Rua 63, perto de Central Park West. Ele deixou as coisas no quarto e andou até o prédio Dakota, onde Lennon e Yoko tinham cinco apartamentos, a algumas quadras dali, na Rua 72. Na calçada ele conheceu duas mulheres da vizinhança, Jude Stein e Jerry Moll, que lhe disseram que Lennon as conhecia e, às vezes, trocava algumas palavras com elas.

Ele não viu seu alvo naquele sábado. No dia seguinte, sete de dezembro, o dia do ataque japonês a Pearl Harbor em 1941, ele ficou três horas na porta do Dakota e se mandou para o hotel. Numa livraria comprou um exemplar de "O apanhador do campo de centeio", porque esquecera o seu no Havaí. Comprou também uma revista ''Playboy'' que trazia a primeira entrevista de John e Yoko em cinco anos.

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