Na nova sequência da animação, o dançante pinguim Mano lida com os problemas de adaptação de seu filho Erik, que foge de casa em busca de si mesmo| Foto: Divulgação

A grande sacada de clássicos contemporâneos da animação, como a trilogia Toy Story, Up – Altas Aventuras, Wall-E ou Os Incríveis não se resume à excelência técnica dos desenhos. Um dos segredos – senão o principal – do sucesso comercial e de crítica desses filmes é a orginalidade de seus roteiros, capazes de emocionar, fazer rir e cativar tanto crianças, teoricamente o público-alvo, quanto adultos. Happy Feet: O Pinguim (2006), embora não pertença à grife Pixar, tem essas características, que lhe garantiram, além de uma bilheteria internacional de US$ 385 milhões, o Oscar de melhor animação em longa-metragem. Talvez por isso sua sequência, Happy Feet 2: O Pinguim, que estreia hoje nos cinemas brasileiros, seja, em certa medida, uma decepção.Ainda sob a direção do australiano George Miller, criador de obras díspares como a franquia Mad Max e o premiado Babe –Um Porquinho Atrapalhado, o filme requenta o que há cinco anos parecia bastante novo. Na enregelada Antártica, uma diversidade de tipos de pinguins coexistem em um espetacular cenário natural, ameaçado pelo desquilíbrio ecológico. Na primeiro filme, o personagem central, Mano (Elijah Wood), lutava para fazer prevalecer sua individualidade, materializada na habilidade que tinha de dançar.

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Nesse segundo episódio, Mano já é pai e quem enfrenta problemas de adaptação é seu filho, Erik, que foge de casa depois de um incidente que expõe sua singularidade à intolerância do seu grupo, no caso os majestosos pinguins imperiais. Nessa jornada de busca pela individuação, ele acaba conhecendo Sven, que ele pensa ser um pinguim da Islândia, capaz de voar. Essa habilidade faz da ave uma espécie de líder messiânico aos olhos do filhote, que passa a acreditar que tudo é possível se há desejo e força de vontade.

Mais interessante do que essa trama principal, no entanto, é a história paralela de Will e Bill, dois krills, animal invertebrado assemelhado a camarões, porém de proporções minúsculas, que se deslocam em cardumes gigantescos e estão na base da cadeia alimentar no ecossistema antártico. Ao perceberem a sua insignificância, os personagens, dublados por Brad Pitt e Matt Damon na versão original, também partem numa busca – hilária – solitária pelo sentido de vida.

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Ainda tendo como pano de fundo a questão do aquecimento global, Happy Feet 2, apesar do carisma de alguns personagens e da exuberância da animação, agora em 3D, carece de uma trama mais surpreendente e bem amarrada. E, sobretudo, de um conflito que não apenas faça a história avançar, mas o público realmente se importar. Vale como passatempo, mas é mais do mesmo.

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