Estudo
Pesquisadores descobriram série de interações complexas
Analisar a atividade do cérebro demandou um esforço extraordinário. Para cada palavra, os pesquisadores identificaram características específicas, como o número de letras, a parte do discurso e se ela estava associada a um personagem, ação, emoção ou diálogo. E utilizaram um programa de computador para analisar os padrões associados a cada trecho de quatro palavras.
Encontraram uma série de interações complexas. Por exemplo, a região do cérebro que processa o ponto de vista das personagens é o que utilizamos para compreender intenções por detrás das ações das pessoas.
No primeiro livro da saga que conquistou o mundo, Harry Potter e a Pedra Filosofal, o jovem Harry joga quadribol com a vassoura Nimbus 2000, enfrenta Draco Malfoy e se depara com um cão de três cabeças em sua escola de magia.
Para milhões de leitores, a narrativa é apenas uma forma de entretenimento, mas as aventuras do bruxo são levadas a sério por cientistas que estudam a atividade cerebral em humanos.
Isso porque a leitura de partes do primeiro livro ativa algumas das regiões do cérebro que também são acionadas pelos seres humanos ao compreender ações e intenções reais.
Ao estudar o comportamento dos neurônios, os cientistas conseguiram mapear como esse órgão humano opera em condições saudáveis à medida que as pessoas acompanham o desenrolar da narrativa criada pela escritora J. K. Rowling.
A equipe de cientistas da Universidade Carnegie Mellon em Pittsburgh, na Pensilvânia, foi surpreendida ao constatar que o experimento realmente funcionava.
Isso porque a maioria dos neurocientistas tem se esforçado muito para rastrear os modos com que o cérebro processa uma palavra ou uma frase, procurando por pistas sobre o desenvolvimento da linguagem ou sobre a dislexia ao focar um aspecto da leitura por vez.
Ler uma história faz com que múltiplos sistemas funcionem de uma vez só: o que reconhece as letras que formam a palavra, o entendimento das definições e da gramática e a compreensão dos relacionamentos entre as personagens e as mudanças surpreendentes no enredo.
A pesquisa, divulgada recentemente, traz implicações para o estudo de distúrbios de leitura e para a recuperação de pessoas que sofreram um acidente vascular cerebral (AVC).