Confira mais atrações do Festival
Claudia Netto ferveu o Guairão
Paulo Camargo
O Guairão não é o espaço ideal para qualquer montagem, mas o fato de o tradicional palco curitibano acomodar muita gente proporcionou a temperatura ideal para a combustão de que Judy Garland O Fim do Arco-íris precisava para decolar e acontecer.
Com tradução de Claudio Botelho, parceiro constante do diretor Charles Möeller, o texto é convencional, mas bem construído. O que salva, com louvor, o espetáculo de predicabilidade é a brilhante atuação de Claudia Netto, excelente atriz e cantora que consegue se impregnar de Judy Garland sem dela fazer uma personagem unidimensional.
Goethe original e sofisticado
Luigi Poniwass
Uma aula de teatro para iniciados. Assim é o espetáculo Licht + Licht, da Cia. de Ópera Seca, que fez a sua estreia nacional na última quarta-feira, no Guairinha. O título é uma referência às supostas últimas palavras Johann Wolfgang Von Goethe, "licht, mehr licht!" ("luz, mais luz!"), e o diretor Caetano Vilela usa exatamente a iluminação impecável, aliás como fio condutor de uma das mais complexas e originais releituras do autor alemão. Sem dúvida uma das melhores montagens da mostra oficial.
Memórias entrecruzadas
Fernando Henrique Olivera, especial para a Gazeta do Povo
Com uma estrutura narrativa inventiva, O Jardim, aclamada montagem de Leonardo Moreira, tem a memória como tema central e traz três momentos distintos de uma saga familiar encenados simultaneamente em um cenário dividido por blocos de caixas de papelão. Durante a peça, as três cenas se revezam pelo cenário, enquanto as caixas vão caindo, entrecruzando as memórias presentes em um espetáculo emocionante que tem apresentações hoje, às 19 horas (sessão extra) e às 21 horas no Cietep (Av. Comendador Franco, 1.341).
Magiluth e seus atores-narradores
Helena Carnieri
Vez ou outra uma companhia de fora insere referências de Curitiba na peça que traz ao festival para arrancar risadas. Os pernambucanos do Magiluth elevaram isso a uma alta potência e apresentaram um trabalho construído nessa identificação com o público. Aquilo Que Meu Olhar Guardou para Você veio com sua estrutura básica de vários trechos de narrativa, todas centradas em memórias (verdadeiras ou não?) dos próprios atores. Um ótimo trabalho em que a interatividade não é imposta, e sim um convite.
Hécuba é a primeira aventura de Gabriel Villela pela tragédia grega, um mundo de elementos marcantes aos quais esse, que é um dos principais diretores do país, acrescenta sua paixão e inventividade. A trama, que conta a história da rainha troiana despojada de família e trono após a guerra vencida pelos gregos e que parte em busca de vingança é mantida, ainda que enxugada. Para relatá-la, Villela busca referências da cultura inca e inclui um coro com máscaras encontradas na obra do artesão potiguar Shicó do Mamulengo (foto acima). Elas acrescentam ao espetáculo um visual que evoca um pouco da estética desse criador, que muitos chamam de barroca.
Outro elemento que acrescenta dramatismo são as músicas do compositor sérvio-bósnio Goran Bregovic, utilizadas para evocar o canto do coro grego. Dirigida por Ernani Maletta, a trilha sonora inclui momentos ao vivo e à capella.
Em meio ao trágico, sobra espaço para a ironia. Não na personagem de Hécuba, vivida por Walderez de Barros, em cujo peito só há dor e fúria. Mas o vilão Polinestor, personagem de Fernando Neves, faz um contraponto à tragédia ao dizer uma coisa e fazer outra. "Pode soar como humor, mas não chega a isso", explica o assistente de direção César Augusto.
"Agora estamos ensaiando Macbeth com Marcelo Anthony, para estrear em maio", revela. Diferentemente do ano passado, Villela não vem ao festival neste ano.
Serviço: Hécuba - Teatro Guaíra (Pça. Santos Andrade, s/nº), (41) 3304-7900. Hoje e amanhã, às 21 horas. R$ 50 e R$ 28 (meia-entrada mais taxa). Classificação indicativa: 12 anos.
Fringe
Confira alguns destaques da mostra paralela do festival neste sábado:
Memórias Torturadas: A Ditadura e o Cárcere no Paraná
O espetáculo exibido dentro da antiga Penitenciária do Ahú (Av. Anita Garibaldi, 750) ganhou sessões extras neste fim de semana devido à grande procura por ingressos. As últimas apresentações acontecem hoje, às 21 horas e às 23h59. Ingressos a R$ 30 e R$ 18 (meia-entrada mais taxa).
Oxigênio
A peça da Companhia Brasileira de Teatro, dirigida por Marcio Abreu, arrancou elogios de público e crítica por onde passou na turnê do ano passado e rendeu a Rodrigo Bolzan o Prêmio Shell São Paulo de melhor ator. As apresentações acontecem hoje, às 21 horas, e amanhã, às 20 horas, no Teatro HSBC (Av. Luiz Xavier, 11), dentro da mostra Na Companhia de... Ingressos a R$ 30 e R$ 18 reais (meia-entrada mais taxa).
Pelada na Rua
Espetáculo da Mostra Seu Nariz tem apresentação hoje, às 17h30, no pátio da Reitoria da UFPR. Na peça, o palhaço Alexandre Roit desvenda um método que transformaria qualquer pessoa em um fenômeno do futebol. Entrada franca.
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