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Hélio Brandão durante ensaio com sua banda | Hugo Harada / Gazeta do Povo
Hélio Brandão durante ensaio com sua banda| Foto: Hugo Harada / Gazeta do Povo

Há cerca dez anos, depois de duas décadas se dividindo entre as salas de concerto e o circuito de jazz, o contrabaixista e saxofonista Hélio Brandão decidiu começar a fazer sua própria música. Quis usar como ponto de partida a linguagem dos compositores que, àquela altura, já conhecia tão bem. Foi desafiado a tentar escrever ao estilo de Bach, e o primeiro estudo deu início a uma série que não parou mais: o músico compôs não só peças, mas álbuns inteiros dedicados a Bach e Villa-Lobos. Depois, Chico Buarque, Tom Jobim, e Edu Lobo, seguidos por Piazzolla.

Agora, Brandão lança “Equilibrista”, um álbum com temas em homenagem a Wayne Shorter, Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti.

Em sexteto, ao lado de Davi Sartori (que substitui o pianista Marcos Nimrichter, que gravou o disco), Thiago Duarte (baixo), Endrigo Bettega (bateria), Mário Conde (guitarra) e Marco Lobo (percussão), o saxofonista apresenta sua leitura “comentada” do estilo destes compositores em 12 temas com uma série de shows – quinta, sexta e sábado (24, 25 e 26), no Teatro do Paiol, e domingo (27), no Pequeno Auditório do Teatro Positivo.

Hélio Brandão Sexteto

Lançamento do álbum “Equilibrista” (R$ 20). Teatro do Paiol (Lgo. Guido Viaro, s/nº), (41) 3213-1340. Dias 24, 25 e 26, às 20h30. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Teatro Positivo – Pequeno Auditório (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300), (41) 3317-3283. Dia 27, às 19 horas. R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). Mais informações no Guia.

Disco

“Fagulha”, “Azul”, “Triângulo” e “Morretes”, conforme conta o músico, soam próximas a Shorter em sua fase no Weather Report; “Felizia” e “Filme” remetem ao Gismonti de obras como “Sete Anéis”; e os sambas “Bahia” e “Nhundiaquara”, assim como “Panela Velha”, têm a cara do albino Hermeto.

“Eu acabo sentido uma grande intimidade com a forma destes compositores pensarem sobre a música”, explica o saxofonista. “Parece que você sabe o caminho que eles vão seguir, e é capaz de compor como se estivesse conversando com eles. A sensação é que você tem acesso ao mesmo lugar onde Bach ou Shorter ao fazer suas músicas”, diz.

Voz própria

Brandão ainda quer completar a série de tributos com álbuns dedicados a Charlie Parker e a John Coltrane, e diz não se considerar dono de um estilo realmente próprio. “Ter essa força é o mais difícil”, diz o músico, para quem as maiores criações da música não surgem sozinhas: são fruto de processos históricos e de contextos específicos.

“Quando vou poder falar por mim mesmo? Não sei se vou conseguir. Mas primeiro vou acabar este ciclo. Faço este trabalho com seriedade, sem a pretensão de fazer o trabalho mais importante do mundo”, explica. “Mas talvez ainda saia alguma coisa mais pessoal.”

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