Indicado pela sexta vez ao Oscar, Washington vive um personagem meio herói meio vilão| Foto: Divulgação

O Voo

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O capitão Whip Whitaker é um personagem fascinante. Hábil piloto de aviões, é, em terra firme, um homem desgovernado, em rota de colisão. Bebe compulsivamente, cheira cocaína para rebater a ressaca e aposta na própria sorte. Até o dia em que ela resolve lhe virar a cara.

Em O Voo, que estreia hoje nos cinemas (mais informações na página 4) , Denzel Washington, um ator capaz de viver personagens heroicos com desenvoltura, mas ainda melhor em papeis de vilões, tem a oportunidade de ser a duas coisas ao mesmo tempo, como o complexo Whip, que lhe rendeu neste ano sua sexta indicação ao Oscar – ele já tem duas estatuetas, por Tempo de Glória (1990), de melhor coadjuvante, e por Dia de Treinamento (2002), melhor ator.

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Na trama de O Voo, mais recente filme do popular Robert Zemeckis (de Forrest Gump – O Contador de Histórias e Náufrago), Whip toma todas, passa a noite com uma comissária de bordo, e, ainda meio bêbado e drogado, encara sua tarefa do dia: comandar um voo de Orlando para Atlanta. cidade onde mora. E tudo dá errado. Ou quase.

Por conta de um problema mecânico, o avião começa a despencar após atravessar intensa turbulência, e Whip, apesar de estar parcialmente fora de si, consegue colocar em prática toda a sua habilidade e uma coragem possivelmente aguçada pelo álcool e pela cocaína, evitando, assim, uma tragédia. Consegue fazer a aeronave aterrissar graças a uma manobra espetacular e salva a maior parte dos passageiros e da tripulação.

Se estivesse sóbrio, Whip seria um herói consumado, candidato a homem do ano, com perspectivas de um futuro político até, se quiser. Mas um exame toxicológico pode colocar tudo a perder.

Também indicado ao Oscar de melhor roteiro original, O Voo tem seus méritos. Os 30 minutos iniciais são incríveis, fazendo com que o espectador se sinta dentro do avião pilotado por Whip. O que se segue é uma espécie de fábula conservadora em certa medida, na qual Whip, apesar de seu grande feito, leva sucessivas chicotadas do destino por conta da conduta errática, retratada mais como falha moral do que como doença, o que é o problema mais grave do filme.

Denzel Washington, como de hábito, dá um show de interpretação, sob a batuta de Zemeckis, um diretor experiente que sabe contar histórias com destreza. O desfecho, ao mesmo tempo redentor e moralista, tira um tanto da força da história, que deve repetir no Brasil o sucesso que fez nos Estados Unidos. GGG1/2

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