Histórias feitas de papel e madeira

Em sua 19.ª edição, o Festival Espetacular de Teatro de Bonecos corrige noções do senso comum referentes a essa arte. Primeiro, mostra que há espetáculos também para adultos, não apenas infantis. Segundo, que os "atores" não são frágeis e precários, e sim fruto de diversas habilidades que envolvem sua construção e manipulação, seja em madeira, papel, gesso ou até projeções de vídeo (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

Para chamar atenção às 70 apresentações que acontecem de sábado até o dia 14 de julho, um boneco de 12 metros de altura ficará, a partir de amanhã, "sentado" sobre o painel de entrada do Teatro Guaíra. Os espetáculos serão apresentados no Guairinha, Teatro José Maria Santos, numa lona de circo na Praça Santos Andrade, na Biblioteca Pública – onde as crianças que participarão da "noite na biblioteca" assistirão a uma peça, dia 13 – e nos hospitais Pequeno Príncipe e Erasto Gaertner.

Para a abertura, um cortejo do grupo Mundaréu sairá às 10h30 de sábado do bondinho da Rua XV, e o grupo Kabana, de Minas Gerais, apresentará Êh Boi na Santos Andrade.

Em seguida, as 31 companhias (8 internacionais, 12 locais e 11 de outros estados brasileiros) ocuparão os espaços do festival.

"Nossos bonecos não têm rosto, mas as pessoas contam que os enxergam – talvez porque trabalhamos muito em cima das intenções e sentimentos ao manipulá-los", contou à Gazeta do Povo o diretor Cristiano Castro, que apresenta Criaturas de Papel no sábado, com seu grupo Bricoleiros, de Fortaleza.

As "criaturas em questão" surgiram a partir de técnicas de dobradura, e, ao longo de três anos de pesquisa, surgiu a história que será contada no Guairinha: um menino fica muito triste cada vez que um amigo vai embora, até que conhece uma bailarina – será que ela ficará para sempre? Aos poucos, ele aprende que a vida é feita de momentos.

A peça foi inicialmente pensada para um público adulto, mas, depois de experimentos com crianças, percebeu-se que o espetáculo, que tem um pezinho no surrealismo, poderia ser livre para todas as idades.

Outra opção pensada para um público não infantil é Um Príncipe Chamado Exupéry, da Cia. Mútua, de Santa Catarina – uma releitura de O Pequeno Príncipe recomendada a maiores de 15 anos.

As artes visuais inspiram também o espetáculo Mira – Extraordinárias Diferenças, Sutis Igualdades, do grupo gaúcho Teatro Pernas pro Ar, que traz bonecos gigantes criados a partir da obra do espanhol Joan Miró. "Ele pesquisou o traço indígena e o infantil", contou à reportagem a diretora Raquel Durigon.

Internacionais

Um destaque desta edição é o retorno das peças de fora do país – a última realização, em 2011, foi nacional. Entre os oito grupos estrangeiros estão dois espetáculos do italiano La Capra Ballerina (Piccole Storie e A Árvore e o Menino); participam ainda companhias argentinas e o espanhol The Bag Lady Theater, em que a intérprete Sara Anglada vive uma mulher solitária que faz seu próprio mundo a partir de objetos simples.

Além das apresentações, uma exposição com bonecos de acervo dos grupos locais ficará no salão do Teatro Guaíra, onde o curta-metragem Um Filme de Bonecos, de Túlio Viaro, será exibido em sessões seguidas.

Agenda

Confira algumas das peças em cartaz neste fim de semana:

Cortejo Mundaréu

Dia 6, às 10h30, na Rua XV de Novembro. O show ambulante exalta os ritmos brasileiros, como fandango, congada, bandas de congo e afoxé. Com o grupo Mundaréu, de Curitiba.

Criaturas de Papel

Dia 6, às 16 e 19 horas, no Guairinha. Um menino se entristece com a partida dos amigos, até que se apaixona por uma bailarina. Com os Bricoleiros, de Fortaleza (CE).

Circo Móvil

Dia 7 de julho, às 11h, 14h e 17h30, no Teatro José Maria Santos. Dia 10, às 15 horas, na Biblioteca Pública. Bonecos tomam a forma de macacos acrobatas e trapezistas, focas treinadas, um velho leão e um elefante impertinente. Com os Ángeles de Trapo, de Málaga (Espanha).

Por uma Estrela

Dia 7, às 16 e 19 horas, no Guairinha. Duas crianças crescem juntas em uma pequena aldeia de pescadores, até que precisam se separar. Com a Cia. Truks, de São Paulo (SP).