O principal lobista de Hollywood disparou um sinal de alerta contra os países que possam estar animados a usar a recém-aprovada convenção da Unesco sobre diversidade cultural para barrar filmes da indústria americana.
- Ninguém deveria usar essa convenção para fechar suas fronteiras para toda uma gama de produtos - disse Dan Glickman, presidente da Motion Picture of América, a participantes da conferência anual francesa da indústria do cinema, na sexta-feira, em Beaune, capital dos vinhos Burgundy, no leste da França. - Se os países começarem a aprovar leis que estão em contravenção com as regras da Organização Mundial do Comércio, haverá conflito.
A convenção para proteger e promover diversidade cultural foi aprovada na quinta-feira (20) por 148 membros da agência cultural da ONU. Apenas os EUA e Israel votaram contra o texto, que alguns temem que possa levar a um protecionismo pela porta dos fundos da indústria do entretenimento.
- Parece ser mais sobre comércio do que sobre promoção da diversidade cultural. A Organização Mundial do Comércioo lugar para isso (comércio) - disse Glickman. - O que pode impedir um país dizer que levará apenas 20% dos filmes dos EUA, ou taxar nossos filmes, mas não os seus próprios?
Glickman foi uma voz solitária em Beaune, ao não considerar a convenção da ONU um triunfo importante para a livre expressão como modo de afirmar a identidade cultural.
O ministro da Cultura francês, Renaud Donnedieu de Vabres, comemorou a aprovação da convenção como um golpe daqueles países que subscrevem a noção de diversidade cultural, da qual a França à pioneira. Eles acreditam que a cultura - expressa pelo cinema, TV, música e outras formas - é essencial para a identidade nacional e, portanto, precisa ser tratada separadamente dos outros bens nas negociações internacionais de comércio.
- Nossa batalha não tem nada a ver com protecionismo - em vez disso, é contra a uniformização (da cultura) - disse Donnedieu de Vabres.
A convenção precisa ser ratificada por ao menos 30 países antes que entre em vigor. Ela diz não ser subordinada às regras da OMC, mas estar em pé de igualdade - termo descrito por Glickman como "ambíguo".
Viviane Reding, comissária européia para sociedade da informação e mídia, também comemorou a decisão da Unesco.- Para nós, o (setor) audiovisual permanecerá não negociável - afirmou ela.
- Nada (que escutei) aqui me fez sentir mais confortável (sobre a convenção) - disse Glickman.
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