Homem-Aranha vira super-herói indie

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Quem assistiu a 500 Dias com Ela vai encontrar traços da comédia romântica de Chris Webb no novo filme do diretor, O Espetacular Homem-Aranha, que estreia hoje no Brasil, ao mesmo tempo em que chega aos cinemas dos Estados Unidos. Peter Parker, que na trilogia dirigida por Sam Raimi foi vivido por Tobey Maguire, passou por algumas transformações.

Como Joseph Gordon-Le­­vitt, o protagonista de 500 Dias com Ela, o novo Homem-Aranha, agora interpretado por Andrew Garfield (que viveu o brasileiro Eduardo Saverin em A Rede Social), é mais sensível, inseguro e bem menos nerd do que o personagem encarnado por Maguire.

Praticante de skate, cinéfilo assumido (em seu quarto há um enorme cartaz de Janela Indiscreta, clássico de Alfred Hitchcock), o novo Parker não tem aspirações a se tornar repórter fotográfico. Tampouco lhe é torturante o fato de, após ter sido mordido por uma aranha alterada geneticamente, ter ganho dotes aracnídeos, como produzir teias e se mover com superagilidade, além de adquirir uma força descomunal. Seu maior dilema agora é acreditar em si mesmo.

Como seus pais (Campbell Scott e Embeth Davidtz) morreram quando era pequeno, Peter foi criado pelos tios May (Sally Field) e Ben (Martin Sheen), que embora amoroso, é um homem simples, da classe trabalhadora e, como ele mesmo admite, talvez incapaz de proporcionar ao rapaz, filho de um cientista reconhecido, uma interlocução tão inteligente quanto ele merecia, apesar de ter tentado lhe transmitir valores éticos e morais.

Assim, Peter chega ao fim da adolescência com problemas de autoestima, muito inseguro diante da necessidade de se impor como homem. Isso vem à tona tanto quando é vítima de bullying nas mãos de Flash (Chris Zylka), um colega mais forte e bem-sucedido nos esportes, como nos momentos em que está diante da garota por quem se sente atraído, Gwen (Emma Stone), uma excelente aluna como ele e filha de um policial linha dura (Denis Leary).

É justamente a "contaminação" da qual é vítima, e que o transforma em Homem-Aranha, que irá acelerar o processo de maturidade de Peter. E é, com certeza, o aspecto mais interessante do filme de Webb, que faz do seu protagonista um super-herói indie.

Menos interessante é o embate que se trava entre Parker e o vilão da história, o cientista Curt Connor (Rhys Ifans), ex-colega de seu pai, que, na tentativa de regenerar um braço amputado por meio de hibridismo genético com um réptil, se transforma no Lagarto, um antagonista que não está à altura, por exemplo, de um Duende Verde, vivido por Willem Dafoe na trilogia de Raimi.

O Espetacular Homem-Aranha vai muito bem até a metade, enquanto se aprofunda nos dilemas pessoais de Parker, mas perde um pouco de seu ritmo e se torna previsível ao virar mais um filme de ação. Não perca a aparição de Stan Lee, criador do Homem-Aranha, na genial sequência de confronto entre o herói aracnídeo e o Lagarto na biblioteca da escola onde Parker estuda. GGG1/2

Classificações: GGGGG Excelente. GGGG Muito bom. GGG Bom. GG Regular. G Fraco. 1/2 Intermediário. N/A Não avaliado.