O escritor Katurian (Bruce Gomlevsky) diante dos truculentos investigadores Ariel (Miguel Thiré) e Tupolski (Tonico Pereira)| Foto: Annelize Tozetto/Festival de Teatro de Curitiba

A violência e a influência do que consumimos e vivenciamos sobre a realidade que nos cerca são dois dos temas centrais de "Homem Travesseiro", montagem feita pelo grupo carioca Cia Teatro Esplendor para a peça do cineasta britânico Martin McDonagh, que estreou na segunda-feira (1.º) no Festival de Teatro de Curitiba. A apresentação terá nova exibição nesta terça, às 21h, no Teatro Bom Jesus (R. 24 de Maio, 135, Centro).

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Com boas atuações e cenário simples, mas eficiente, a história prende o público pelo jogo que cria entre os limites da ficção e da realidade, pelo humor negro e pelo carisma dos personagens. A peça conta a história de Katurian (Bruce Gomlevsky), um escritor que é investigado por dois policiais (Tonico Pereira e Miguel Thiré) pela morte de três crianças. Habitantes de um país totalitário, os investigadores lançam mão da brutalidade e da tortura para obter as confissões e não dão chance para o acusado e seu irmão Michal (Ricardo Blat), um deficiente mental e autor dos crimes. Ao saber que será executado, o escritor cria um plano para que as suas obras não sejam perdidas e o seu legado permaneça.

A infância traumática de Katurian e o impacto que ela tem sobre o seu trabalho são o fio condutor dos questionamentos de "Homem Travesseiro" em torno das motivações artísticas e da influência que têm sobre o público – afinal, quem lê histórias violentas é necessariamente uma pessoa violenta?

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Com clima pesado e soturno, realçado pela iluminação e pelo silêncio, a peça não deixa de ter os seus momentos bem-humorados, mesmo que ao custo do sofrimento alheio e do absurdo da realidade.