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 | Benett Macedo
| Foto: Benett Macedo

Maciste no inferno

Mesmo a Luz mortiça das quatro horas da tarde me cega. Já não escuto o piano quando todos começam a sair da sessão já estou escutando o barulho das cidades das casas das vozes dos automóveis dos ruídos. Sou novamente parte da cidade e ninguém me vê.

(XAVIER, 1998, p. 136)

"Valêncio do Cinema"

Fotografia, publicidade, jornalismo, televisão, literatura, desenho, gravura, pintura. Sobretudo, cinema. Autor, cinéfilo, pesquisador, produtor, incentivador, pensador. "FAN DO BOM CINEMA! Temos uma notícia que vai lhe agradar: no dia 23.04 (de 1975) a Fundação Cultural de Curitiba inaugura a Cinemateca do Museu Guido Viaro, na rua São Francisco, 319".

  • Autorretratos: Valêncio Xavier

Valêncio Xavier Niculitcheff nasceu há 80 anos (21/03). Filho de russo da curva do Volga. A mãe morreu e o "menino mentido" chegou em Curitiba em 54. Foi à França. Bateu carteiras com Bresson, usou o vaso com Duchamp e passou a mão em Brigitte. De volta, jogou em todas. Galã. Conheceu Luci no interior. Flerte, altar e São Paulo. Redator dos primeiros "ais" de Silvio Santos na tevê. Cidade contra a Cidade. Na publicidade, os brinquedos Estrela.

De volta. Canal 6. Canal 12. Histórias Que a Vida Conta. Globo Repórter fase Cinema Novo. Na literatura, o rato de sebo chegou "aos cornos da lua" (a medida da própria glória).

Em 81, pensou, garimpou, cortou, escreveu e colou na mesa da sala da casa no Ahú: O Mez da Grippe. E tantos livros, raccontos e poemas. A morte como o tema, mais fetiches, prostitutas, incesto. Como nas escrituras ou em DT.

Fez a cidade experimentar o cinema. O Corvo, Os 11 de Curitiba. No jornal, colega brilhante e "difícil". Na casa sempre aberta, enrustia os livros que minavam o orçamento. Levava os filhos à praia ou aos sebos de São Paulo em dia de aula. Aos sábados, chá e duelos ao sol com o grande amigo: Poty era John Wayne roxo. Valêncio torcia por John Ford. Sacudiu a cidade até que, como quem conhece os atalhos de um sebo, o tempo soube escolher na poeira uma de suas cabeças mais raras.

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Valêncio Escreve Como Cinema Recorta, Ilumina, Acopla, Monta!

Do contraste, da surpresa, da assimetria, suas palavras arrancam força.

Elementos se deslocam, se enfrentam, saltam uns sobre os outros, se comem como num tabuleiro de xadrez. (…)

José Castello, escritor

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LIVROS

"Creio que o grande mérito de sua obra está na originalidade, que entre as qualidades literárias talvez seja a mais rara. Valêncio Xavier era uma avis rara. Sua literatura única recuperava a memória pública descartada — pelos jornais, revistas, pela publicidade e pelo jornalismo — para reescrever o presente. E o resultado não era nada complacente, muito pelo contrário."

Joca Reiners Terron, escritor

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"Pioneiro da narrativa do romance icônico verbal um marginal mais ou menos oficial. Não é uma obra do maisntreasm da prosa brasileira. Será lembrado por esta criação hibrida entre o vernal e o não vernal."

Décio Pignatari – 1981

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"O valêncio xavier como escritor é um cineasta genial. a construção narrativa e o olhar expressionista da literatura do valêncio dão o melhor cinema do mundo"

Beto Carminatti, cineasta

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O Velho Senhor da Cinemateca

"Eu não seria cineasta e toda uma geração não existiria se ele não tivesse feito esta experiência heroica de criar a Cinemateca do nada. Era bom tomar estes choques valencianos. Nós éramos uma geração tímida e amedrontada pela ditadura. Ele vinha e dava saudáveis porradas para a gente deixar de frescura e criar."

Fernando Severo, cineasta

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"O Valêncio viveu como quis e fez tudo aquilo que ele queria fazer"

Luci, esposa desde 1962

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"Nas férias, íamos a São Paulo de Fusca. Ele passava o tempo todo em sebos, livrarias e atrás de filmes antigos. A concessão pop era o milk-shake de Ovomaltine no Bob’s",

Ana Nicutchileff – Filha

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