São Paulo - No suspense Homens em Fúria há um embate tanto entre os dois protagonistas quanto entre os atores Robert de Niro e Edward Norton. Dois grandes intérpretes que há muito tempo não encontravam um trabalho à altura de seus talentos.

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Eles já haviam trabalhado juntos em 2001, em A Cartada Final, mas o filme era tão mal resolvido que nem Marlon Brando conseguiu se sair bem. Aqui, o diretor John Curran (O Despertar de uma Paixão) sagazmente deixa espaço para os dois atores se digladiarem em cena. Ao final, sobram vestígios de uma guerra que vale a pena testemunhar.

O roteiro, assinado por Angus MacLachlan (Retratos de Família), tem um ponto de partida simples que poderia servir a qualquer filme policial.

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Stone (Norton) está preso e pleiteia uma condicional. O oficial encarregado de dar um parecer é Jack (De Niro), veterano a poucas semanas da aposentadoria. Há, obviamente, um jogo de gato e rato entre os dois, mas aqui o mais forte é a arte da manipulação.

Stone precisa tocar nas teclas certas para convencer Jack de que está recuperado – ele foi preso por causar um incêndio que pode ter matado seus avós.

Entra também no jogo a mulher do preso, Lucetta (Milla Jovovich), que não mede esforços para ajudar o marido. Os interesses da moça, na verdade, nunca ficam muito claros. Talvez, no fundo, ela seja apenas ninfomaníaca e a liberdade de Stone seja apenas um pretexto para o caso que ela passa a ter com Jack.

Homens em Fúria é um filme sobre muitos temas: segunda chance, redenções, perda de controle e fé. Esta, aliás, tem um papel central para Jack, pois ele parece numa encruzilhada sobre suas crenças. Passa o tempo todo ouvindo sermões gravados e sua mulher, Madylyn (a ótima Frances Conroy, da série A Sete Palmos), está em vias de se tornar uma fanática religiosa que vê em qualquer incidente um castigo de Deus.

Em suas entrevistas com Jack, Stone insiste na questão da segunda oportunidade. "Você nunca fez nada de errado? Sequer levou uma multa de trânsito?", pergunta. A resposta do oficial é sempre um não. Mas, como sabemos desde a primeira cena, uma impulsividade o consome, o que acaba se tornando um indício de sua fragilidade.

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