Se o último Festival de Berlim foi um show de atuações femininas que consagrou a chilena Paulina García, de Gloria, o Festival de Cannes, o mais importante do mundo, termina neste domingo com pelo menos cinco grandes interpretações masculinas na corrida pelo prêmio de melhor ator.
A vocação masculina do evento francês não é novidade. Em 2012, houve um protesto pela pequena presença feminina entre os competidores. Neste ano, apenas Valeria Bruni Tedeschi, com Un Château en Italie, conseguiu entrar no meio dos 18 cineastas homens da mostra principal.
Mas a diferença entre a disputa dos atores e a das atrizes, nesta 66.ª edição, é gritante. A partir do sábado, terceiro dia do evento, uma sucessão de papéis masculinos ganhou atenção. Benicio Del Toro, como um índio americano com problemas psicológicos, é a única coisa que se salva em Jimmy P., de Arnaud Desplechin. Oscar Isaac, que faz o compositor atormentado pelo fracasso em Inside Llewyn Davis, dos irmãos Coen, é um forte candidato a melhor ator (e, possivelmente, ao Oscar).
Outro favorito à Palma de Ouro é o italiano Toni Servillo, no papel ácido do jornalista e escritor de La Grande Bellezza, de Paolo Sorrentino.
Na pele do pianista gay Liberace em Behind the Candelabra, de Steven Soderbergh, Michael Douglas leva o filme nas costas em um dos papéis mais ousados de sua carreira, com direito a cenas de sexo com Matt Damon.
A acirrada disputa pelo prêmio de melhor ator traz ainda o veterano Bruce Dern (Amargo Regresso), que vive um ex-alcoólatra em Nebraska, de Alexander Payne. Dern não só entrou na disputa por um prêmio de Cannes como escreveu o nome na lista de indicações certas ao Oscar 2014.
Entre as mulheres, a vitória deve ficar entre Bérénice Bejo, irritante e histérica como uma mulher confusa que lida com o divórcio e o amor por um novo homem em Le Passé, e a jovem Adèle Exarchopoulos, 19, de La Vie dAdèle, que chocou Cannes com cenas de sexo lésbico ao lado de Léa Seydoux.