Políticos, garotas de programa e lobistas em relações pouco republicanas não são privilégio do Congresso brasileiro. Pelo menos, é o que vemos em House of Cards, série da Netflix, no ar desde o dia 1.º, na qual acompanhamos cenas ambientadas nos corredores do Capitólio, em Washington, que não ficam nada atrás dos momentos menos enobrecedores do salão verde da Câmara dos Deputados, em Brasília.
O seriado, disponível para assinantes da rede de filmes on-line, gira em torno do malvado e inescrupuloso Francis Underwood (Kevin Spacey), democrata da Carolina do Sul, e sua mulher Claire (Robin Wright), dirigente de uma ONG e espécie de Lady Macbeth, que influencia o marido rumo ao poder. Juntos, articulam, trapaceiam e até aturam traições mútuas - desde que para atingir seus objetivos.
A trama começa na formação do gabinete do novo presidente da República, um democrata inexpressivo. Underwood é o "majority whip", espécie de sargento do partido, responsável por acompanhar a votação dos colegas e verificar a lealdade partidária. No Brasil, onde fidelidade partidária é algo raro, a figura não existe - quem supostamente acompanha votações é o próprio líder da legenda.
Underwood queria ser indicado secretário de Estado do novo governo, mas perde a nomeação para outro parlamentar. A partir daí, resolve não só se vingar como colocar em prática um plano de poder ainda mais ambicioso, com a ajuda de Claire e do seu chefe de gabinete - do tipo "pau pra toda obra", que retrata bem algumas figuras facilmente encontráveis nos gabinetes de Brasília.
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