Mixto Quente exibiu primeiros shows do Barão sem Cazuza| Foto: Reprodução

Alguns lembram mais, outros, menos. Afinal, lá se vão 29 anos desde que a TV Globo resolveu investir na gravação de uma série de shows num palco na Praia do Pepino, reunindo as bandas do fervilhante rock brasileiro e astros da MPB. A ideia era exibir essas performances nas tardes de domingo, dentro do programa Mixto Quente (com xis mesmo), que passou a ser reprisado na última quinta-feira, 8, às 22 horas, no Canal Viva. Dias de muito som, descontração, asa delta, mar, gatas ainda sem silicone desfilando em seus biquínis, sol e, sim, algumas nuvens. Como a que baixou sobre Lulu Santos, já na fase em que o programa foi gravado na Praia da Macumba.

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"Lembro que fiquei muito assustado com a violência da plateia. Acabei interrompendo o show e dando uma colocada em uns malucos ultraviolence. E o esporro foi para o ar."

Com supervisão do jornalista Nelson Motta e do diretor Roberto Talma e direção de Vitor Paranhos, o Mixto Quente começou a ser gravado no fim de 1985 e foi exibido ao longo de 1986.

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"Não me lembro de quase nada. Era uma época de grande carburação de ideias", arrisca Motta, que trabalhara com Talma no seriado Armação Ilimitada. "O cenário fabuloso era fundamental: São Conrado ainda meio selvagem, com as melhores bandas do rock Brasil."

Visto hoje, o Mixto Quente se revela um belo arquivo do rock brasileiro dos anos 1980. Tem os primeiros shows do Barão Vermelho sem Cazuza, e os primeiros de Cazuza, animadíssimo, sem o Barão. Não havia cenários, os músicos tocavam quase sempre com pouca roupa, em clima de praia. E jatos d’água esfriavam os ânimos da galera, que acorreu em massa às gravações e congestionou São Conrado, onde morava o ex-presidente João Figueiredo (o que forçou, posteriormente, uma transferência estratégica das gravações para a Macumba).

Mas nem só dos novos nomes foi feito o rock do Mixto Quente. O guitarrista Robertinho de Recife apavorou o público em versão heavy com o grupo Metalmania. Sérgio Dias, guitarrista dos Mutantes, apresentou-se em carreira solo. E Raul Seixas, muito longe da sua melhor forma (e amparado pelo parceiro Paulo Coelho) decretava: "Pra mim o rock’n’roll morreu em 1959".