A banda Humanish lançou recentemente o EP Benin, seu primeiro trabalho com a nova formação, que traz o baterista Tiaguera Nunes ao lado de Marano (guitarra e voz) e Allan Yokohama (guitarra barítono e voz).
O terceiro título do trio que lançou seu álbum de estreia, homônimo, em 2011, e o EP Ruas de Jasmim, em 2013 volta a apostar em uma sonoridade pesada e melodias orientadas para o pop rock, mas investe em uma temática mais densa ao se inspirar na ancestralidade africana do Brasil. As referências para as letras, todas de Marano, partem do documentário Atlântico Negro Na Rota dos Orixás, de 1998, de Renato Barbieri, que foi ao Benim investigar as raízes africanas e recontar a história da escravidão. Esta questão é tratada na faixa "Árvore do Esquecimento", que remete a um ritual de apagamento da memória pelo qual escravos eram obrigados a passar antes de embarcarem nos navios. Já "Cabeça Coroada", que usa um trecho gravado de percussão do Bloco Bafo Quente, de Londrina, celebra a dança, enquanto "Canzoada", faixa de tom político e de forma mais livre e encorpada com uma progressão instrumental, faz uma metáfora da revolta.
Poderoso, o tema escolhido pela banda é inesgotável e sempre pungente. Mas acaba banalizado pela abordagem um tanto elementar e artificial das canções de Benin, que insistem em estilo melódico que pode soar datado apesar do meritório esforço do trio em direção a algum experimentalismo. Ouça em soundcloud.com/humanishrock.
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