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Susan Boyle: infância e juventude difíceis, tentativas frustradas e fama repentina | Zomba Press
Susan Boyle: infância e juventude difíceis, tentativas frustradas e fama repentina| Foto: Zomba Press

Líderes de audiência

Saiba mais sobre o show de talentos que revelou Susan Boyle e Paul Potts e outros similares.

- Britain´s Got Talent, criada pelo produtor inglês Simon Cowell em 2007, é um programa de talentos que não envolve apenas candidatos a cantor. Humoristas, dançarinos, atores e até ventríloquos podem participar da competição. O primeiro vencedor foi o tenor Paul Potts.

- Simon Cowell também é o grande nome por trás do realirty show American Idol, que surgiu primeiro na Inglaterra. Desde a estreia, em 2002, é o programa líder de audiência nos Estados Unidos, onde está na oitava edição e revelou astros pop como Kelly Clarkson, Jennifer Hudson, Carrie Underwood, David Cook e Chris Daughtry.

- A versão brasileira do American Idol chama-se Ídolos e, depois de duas edições no SBT, agora está sendo produzido pela Record, que exibiu a terceira temporada. No último fim de semana, os testes de pré-seleção para Ídolos 4 reuniu cerca de 3 mil candidatos no Parque Barigui, em Curitiba.

  • Paul Potts vendeu 4 milhões de cópias apesar de obeso, estrábico e de ter dentes tortos

Dizem que imagem é tudo no século 21. Sobretudo no mundo da cultura popular. Não basta ter talento se você não for o pacote completo. No caso das mulheres, então, essa regra é mais rígida ainda. Nenhuma aspirante a atriz ou a cantora pode sonhar com a ribalta se não for jovem, magra e bonita. A cantora escocesa Susan Boyle, portanto, seria uma aberração nesse universo de aparências, certo? Talvez, mas não a única.

Quando subiu ao palco do programa de calouros Britain’s Got Talent há 20 dias, Susan provocou risos. Aos 48 anos, feia, cabelos grisalhos e peso bem acima dos rígidos padrões do show business, ela foi recebida como uma piada – e com descrédito. Mas a graça durou pouco. Quando soltou a voz para cantar "I Dreamed a Dream", tema do musical Les Misérables, baseado no épico clássico do escritor francês Victor Hugo, a plateia e os jurados ficaram primeiro estarrecidos e depois encantados com a beleza do canto da escocesa. Em questão de dias, o teste tornou-se o vídeo mais assistido no site YouTube, acessado em todos os cantos do mundo. Essa mesma cena, no entanto, já havia ocorrido antes.

Na edição de 2007 do mesmo concurso de talentos, outro cantor, o ex-vendedor de celulares Paul Potts, causou impacto muito semelhante no Reino Unido: era gorducho, estrábico, tinha os dentes tortos e meio acavalados e também contava uma história pessoal atribulada, marcada pela rejeição à sua timidez e a sua aparência desde a infância. Curiosamente, ele não se tornou um fenômeno midiático internacional como Susan. Mas, após vencer a competição, a vida de Potts mudou de forma radical.

O primeiro álbum do cantor, One Chance (Uma Chance, em português), de 2007 – que mistura standards do canto lírico e canções românticas, seguindo a linha do tenor italiano Andrea Bocelli e do norte-americano Josh Groban – vendeu quatro milhões de cópias no mundo e seu novo CD, Passione, que segue o mesmo estilo e chega às lojas em maio, está nas listas dos títulos mais encomendados tanto da Amazon norte-americana quanto da britânica.

Homem comum

Potts emagreceu e arrumou os dentes, mas ainda está longe de ser um galã. E isso não parece ter atrapalhado sua trajetória. Ao contrário. O fato de ter aparência um homem comum e de ser filho de uma caixa de supermercado e de um motorista de ônibus o ajudou a conquistar um lugar no coração dos fãs, criando um vínculo de identificação. Não é possível, contudo, afirmar se Susan terá a mesma sorte.

Para Simon Cowell, criador, produtor e um dos jurados tanto de Britain’s Got Talent quanto do fenômeno American Idol (exibido no Brasil pelo canal pago da Sony), Susan vai vender milhões de discos porque ela tem uma bela voz, sabe cantar e se tornou uma celebridade mundial instantânea. O que não se sabe é se o público, passado o frisson, está preparado para não exigir da escocesa uma transformação física radical. Todos sabemos que padrões estéticos exigidos de homens são distintos dos cobrados das mulheres. Ainda mais no mundo do entretenimento.

Filha de imigrantes irlandeses católicos muito pobres, que se instalaram na Escócia e lá tiveram dez filhos, Susan teve uma vida marcada por perdas e danos. Duas de suas irmãs morreram e, desde menina, na escola, sentiu na pele a dor de ser diferente. Além de introspectiva, padeceu sob o estigma de sofrer distúrbio de atenção e dificuldades em aprender. Assim, seus dotes musicais acabaram lhe servindo como refúgio, quando os colegas a provocavam com brincadeiras sobre seu jeito diferente de ser, e também como uma forma de autoafirmação.

Tentativas

O currículo de Susan mostra que ela tomou aulas de canto na juventude, estudou na Escola de Arte Dramática de Edimburgo, na Escócia, e tentou várias vezes um lugar ao sol como cantora e atriz de musicais. Chegou a participar, em 1995, de outro de show de talentos, My Kind of People, apresentado pelo britânico Michael Barrymore, que mostrou-se mais disposto a debochar da aparência um tanto bizarra da aspirante a cantora do que a apreciar sua bela voz.

Em 1999, Susan gravou o standard "Cry Me a River" para o CD Music for a Millennium Celebration, Sounds of West Lothian, uma produção beneficente bancada pela câmara de vereadores da sua cidade para comemorar a chegada do ano 2000. Apenas mil cópias do disco, que contava com a participação de outros artistas da região, foram distribuídas. Quando a faixa vazou na internet, uma semana depois da apresentação em Britain’s Got Talent, o jornal norte-americano New York Post previu: "Não é fogo de palha. Susan realmente tem talento e pode se tornar uma estrela".

Desemprego

Entre convites para fazer um filme pornô, ter sua vida levada ao cinema e dezenas de pedidos de entrevista para veículos de todo o mundo, incluindo os superpopulares programas Larry King Live (da CNN) e The Oprah Winfrey Show (exibido no Brasil pela GNT), Susan mantém-se espantosamente tranquila, embora atônita.

Nascida em 1º de abril, dia internacional da mentira, Susan parece ainda incrédula que tudo seja verdade. Se na época da eliminatória para Britain’s Got Talent, ela estava desempregada e dedicava-se apenas a um trabalho como voluntária da igreja católica em West Lothian, hoje em dia anda bem mais ocupada. Isso parece lhe bastar. Por enquanto.

Serviço

Videos de Paul Potts e de Susan Boyle, assim como a gravaçnao das cantora para a música " Cry Me a River", podem ser encontrados no site www.youtube.com.

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