"Acho que todo mundo tem um pouquinho de vilão... ninguém é bom ou mau 100% do tempo." Assim Igor Rickli, ator de 29 anos nascido em Ponta Grossa e criado em Carambeí, nos Campos Gerais, explica a sua preparação para compor Alberto, o maquiavélico vilão de Flor do Caribe, a nova novela das seis da TV Globo. "Tive uma boa ajuda da nossa preparadora de elenco, a Rossella Terranova, e de outras duas profissionais tão boas quanto ela para criar o Alberto; mas a minha principal preparação foi tentar encontrar dentro de mim os ingredientes que compõem o personagem."
E quais seriam esses traços comuns entre o playboy mimado e inescrupuloso, que arma o sequestro do melhor amigo para roubar-lhe a noiva, e o simpático ator que o interpreta? "É preciso tentar entender o que move esse cara", pondera Igor. "Ele tem um amor doentio pela Ester, é obcecado, determinado e tem muita garra para conseguir o que deseja. Essa garra e essa determinação eu também tenho, e vou tentar usá-las para compor a história do Alberto."
O ator também procurou inspiração no cinema. "Eu vi dois filmes que me deram uma certa base: O Sol por Testemunha, com o Alain Delon, e a sua regravação, O Talentoso Ripley. Também me inspiro no Sean Penn, o meu ídolo master", revela.
Descoberto pelo diretor Jayme Monjardim em 2011, no musical Judy Garland O Fim do Arco-Íris, Igor agradou tanto que foi convidado para o elenco do filme O Tempo e o Vento, a ser lançado este ano, antes de ser escalado para a novela das seis. E costuma comparar sua estreia em novelas com um prêmio dobrado da loteria: "Depois de anos me preparando, fazendo cursos de teatro, filmes e de passar por muitos testes, quando você é aprovado a sensação é a de ser sorteado na loteria", descreve ele, que não chegou a fazer teatro no Paraná. "E duplamente, por ser um vilão. Sempre foi o meu sonho, mas eu nunca imaginei que ia começar na televisão fazendo um. A responsabilidade é grande, mas a alegria e a vontade de fazer me ajudam a superar a insegurança."
No ar há duas semanas, Flor do Caribe já mexeu com a vida do paranaense. "É uma diferença gritante. Estava acostumado a andar tranquilamente, sem ser notado, e de repente você começa a ser reconhecido pelas pessoas", conta. "Já me chamaram de mau caráter na rua, dizem que eu sou muito malvado, amigo da onça... mas estou adorando!"
A carga intensa de gravações também alterou a rotina de Igor: "Tive que diminuir o meu ritmo de exercícios, agora preciso acordar muito mais cedo, dormir cedo, estudar... o que requer disciplina pesada", garante. "Tanto que eu abdiquei do meu convívio social... até peço desculpas para os meus amigos, porque não tenho conseguido conviver com eles."
Ainda assim, Igor Rickli pretende arrumar um tempinho para ver alguma coisa do Festival de Curitiba: "Cai bem na época do aniversário da minha mãe, e eu já tinha planejado ir ao Paraná para visitá-la, mas vai depender do tempo disponível", conclui.