"O público brasileiro não me conhece", sentencia a "arretada" Virgínia Rodrigues. A cantora baiana, mais conhecida na Europa e nos Estados Unidos, vem a Curitiba pela segunda vez. A primeira foi no Teatro do Paiol, há dois anos. E, de hoje a domingo, apresenta sua "música de igreja e de rádio" no Teatro da Caixa.
Dona de voz única, Virgínia já foi empregada doméstica e manicure e é filha de uma vendedora da Feira de São Joaquim, tradicional comércio popular de Salvador. Aos 6 anos, no Dia das Mães, homenageou a sua cantando Aguinaldo Timóteo. Emocionou a todos. Não parou mais.
"Dei sorte porque durante toda a minha infância as rádios tocavam Caetano, Elis, Gal. Ouvia eles o dia todo. Era do brega ao chique, diferente de hoje, em que há um monopólio dos nossos ouvidos", alfineta a baiana, que se destacou no coral de uma igreja de Salvador. Além de ouvir seus artistas preferidos, Virgínia estudou. Fez oficinas e aulas particulares de canto.
A carreira profissional começou quando em um encontro. Márcio Meirelles, produtor e experiente diretor da produção teatral baiana, procurava alguma cantora que tivesse ao mesmo tempo a "aparência do povo" e uma "ascendência erudita". "Ele foi ver uma apresentação na igreja. Eu fazia o Oratório de Santo Antônio. Ele me viu e me convidou para participar de uma peça", conta Virgínia.
Na plateia dessa peça, estava seu futuro padrinho. "Era um ensaio aberto e Caetano Veloso estava lá. Ele ficou emocionado, mas por causa da música e não da apresentação", relembra a cantora, que teve como influência musical familiar apenas as rezas musicadas que seu avô fazia em Sapeaçu, no interior da Bahia.
Carreira
A conversa com Caetano foi rápida, mas logo o resultado do encontro deu frutos. O disco Mares Profundos (Natasha/Universal, 2004) foi o produto final da benção de Veloso. Junto com Recomeço (Biscoito Fino, 2008) disco de voz e piano é ele o foco da apresentação em Curitiba. Recheado de afrossambas de Baden Powell e Vinicius de Moraes, o show do disco já correu todos os continentes. Foram 22 países, incluindo Malásia e Austrália.
Seu primeiro disco, Sol Negro (1998), foi gravado de maneira improvisada. Muitas vezes as músicas tinham de ser interrompidas por causa do barulho de aviões e cachorros. Mas a importância da cantora, ainda que desconhecida, já se fazia valer. Já no primeiro registro, há participações de Gilberto Gil, Milton Nascimento e Djavan. O segundo trabalho foi lançado em 2000. Nós também teve grande penetração e fez sucesso em outros países, principalmente na Europa.
Com quatro discos na bagagem o quinto já está em sua cabeça , Virgínia é uma desconhecida em seu próprio país. Nunca fez uma turnê nacional, embora apresente duas por ano nos Estados Unidos.
A explicação para o fato é simples, embora cheia de pimenta. "Eu não sei por que. Eu preciso tocar no rádio, mas no Brasil só toca quem paga jabá. É função dos meios de comunicação anunciar o que está acontecendo no mundo e, a partir do momento que se restringem trabalhos, fica muito difícil. Mas isso não me diminui, não. Onde me chamam, eu vou. Só acho uma pena porque quem perde é o povo", brada Virgínia.
Carnaval
Um dos momentos em que sua arte esteve mais presente no Brasil foi em 2006, na cerimônia de abertura do carnaval do Recife. O evento serviu para que a cantora criasse um projeto em parceria com o percussionista pernambucano Naná Vasconcelos. O show foi apresentado no Rio de Janeiro, em abril de 2007, e reeditado ano passado em São Paulo, Recife e Campina Grande.
Nos shows que faz em Curitiba a partir de hoje, Virgínia Rodrigues será acompanhada pelo percussionista João Bani e pelo violonista Bernardo Bosísio.
Serviço
Virgínia Rodrigues. Teatro da Caixa (R. Conselheiro Laurindo, 280), (41) 2118-5111. De hoje a sábado, às 21 horas. Domingo, às 19 horas. Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (clientes, idosos e estudantes).
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