Livro - Cartiê Bressão - Pedro Garcia de Moura. Versal Editores, R$ 50. Veja mais no site cartiebressao.com.br| Foto: Reprodução

Nas última semanas, um livro de fotografia tem causado barulho em Nova York. Depois de três anos fazendo retratos de pessoas nas ruas da cidade, Brandon Stanton lançou a versão impressa da sua famosa página no Facebook, Humans of New York. São quase 2 milhões de fãs de todo o mundo – e, desde outubro, o livro está entre os mais vendidos na lista do New York Times.

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Após perder o emprego no mercado financeiro em Chicago em 2010, Stanton decidiu fazer viagens por cidades americanas tirando fotos do que mais lhe marcava. Em Nova York, se impressionou com as pessoas. Criou um blog em que postava fotos de anônimos, com pequenas confissões que lhe faziam. Ao aceitar que ele tirasse uma foto, cada um era submetido a perguntas pessoais: o que te preocupa hoje? que conselho você daria para alguém?. Atualmente, a página do Facebook é atualizada em média 5 vezes por dia, e o livro, lançado em outubro, traz uma seleção com 400 personagens

Para o designer Pedro Garcia, o exemplo do sucesso de Stanton mostra que há uma "libertação da mensagem de ter algum meio para existir" , em relação a suportes tradicionais, como jornais e revistas. Ele lança neste mês o seu livro de fotografias, também divulgadas primeiro na internet, sob o codinome "Cartiê Bressão"

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As imagens são todas de iPhone, feitas desde o carnaval de 2011, quando saiu em um bloco vestido de Jorge Tadeu (o personagem de Fábio Júnior na novela Pedra sobre Pedra). Decidiu incorporar o retratista e começou a tirar as fotos "na cara de pau mesmo".

"No final do desfile, tinham umas crianças fantasiadas tomando picolé num bar. Essa foto me marcou. A partir desse momento, comecei a ficar ligado nessas imagens, e fotografar isso me causava um sentimento que nunca tinha vivido. Existe uma cumplicidade do fotógrafo com a cena. Um improviso criativo, uma espécie de jam session com a cidade e seus personagens", explica.

Pedro passou a encarnar uma versão brasileira de Cartier-Bresson. Na página do Facebook, são quase 30 mil fãs. Além de captar momentos decisivos, a nova nacionalidade lhe dá um senso de humor formidável. Sem saber falar francês, usa o Google Translate – "mas sem alienar muito" – para criar o dialeto das legendas de Cartiê. Em uma cena com duas senhoras rindo e fumando na varanda de um prédio, descreve: "les commadres fofocquent sur le balcon".

Cartiê Bressão foi financiado pelo público que acompanha as páginas, por meio de Crowdfunding. Pedro – também um dos sócios do site Queremos, que financia shows com vaquinha de fãs – acredita que páginas surgidas na internet, como a Dilma Bolada, são como as antigas tirinhas ou charges, agora sem o crivo que antes era necessário de editores para serem publicados "Os livros que estão surgindo a partir do sucesso na internet são mais um reflexo de já não depender de um intermediário. Cedo ou tarde, coisas boas da rede conseguem achar o seu espaço e chegar onde devem chegar", afirma.