Há um problema fundamental em filmes que misturam História Antiga a mitologia, como 300, Fúria de Titãs e Imortais, que estreia hoje em Curitiba. Na ânsia de presentear o público com um exuberante espetáculo para os olhos, recheado de efeitos visuais e sonoros de última geração, os produtores se esquecem de um ingrediente fundamental na receita de um bom filme, não importa a que gênero ele pertença: um roteiro que traga uma trama coerente, com personagens complexos e conflitos que façam algum sentido.
Nesse aspecto, Imortais é um caso bastante interessante de bela embalagem que muito promete e quase nada contém. Sob a direção do criativo cineasta indiano Tarsem Singh, o mesmo do hoje cultuado A Cela, o filme não é de forma alguma penoso de ser assistido. Tem pelo menos meia dúzia de sequências capazes de tirar o fôlego do espectador, se ele estiver apenas em busca de grandes sacadas na composição de cenas de batalha e de duelo físico. Mas e o enredo? Ah, esse é apenas um fiapo, sustentado por um pastiche de elementos históricos e mitológicos que não pode ser levado a sério.
O ator britânico Henry Cavill, o novo Clark Kent no ainda inédito Superman Homem de Aço, vive o papel de Teseu, um mortal escolhido por Zeus (Luke Evans, de Os Três Mosqueteiros) para enfrentar o rei Hipérion (Mickey Rourke, de O Lutador).
O monarca, sedento por poder, declara guerra contra todo o mundo grego e, para aumentar suas forças, tentará libertar os Titãs, divindades, agora presas no Monte Tártato, que enfrentaram Zeus e os demais deuses olímpicos na sua ascensão ao poder.
Para cumprir sua missão, Teseu contará com a ajuda de uma bela sacerdotisa (a indiana Freida Pinto, de Quem Quer Ser um Milionário?), que lhe prestará consultoria em assuntos, digamos, de ordem sobrenatural.
Ao contrário de séries televisivas como Roma e Spartacus, cujos enredos, embora não tratem de mitologia, também se passam em grandes civilizações da Antiguidade, filmes como Imortais, feitos para o cinema, não podem exagerar no erotismo, já que têm os adolescentes como principal público-alvo. E, pelo mesmo motivo, questões mais complexas, de caráter histórico e/ou político, também acabam ficando de fora. O que sobra, portanto, é exagerar na ação, no elenco de músculos definidos e na magia, elementos que podem até render boas cenas, mas deixam muito a desejar para quem espera um pouco mais de uma experiência cinematográfica.
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