Uma das características do Festival de Teatro de Curitiba sempre foi impulsionar novidades. A capacidade do evento de capitalizar e catapultar projetos inéditos nos palcos do Brasil o tem levado, até mesmo, a coproduzir espetáculos ou dar o aporte financeiro necessário para finalizar peças de companhias consolidadas no país. É o caso de O Casamento e Escravas do Amor, remontagens de dois trabalhos anteriores da companhia carioca Os Fodidos Privilegiados baseadas em obras de Nelson Rodrigues, que neste ano completaria 100 anos. "Elas não iriam sair agora, mas alavancamos as produções para integrá-las ao Festival dentro das comemorações do centenário do escritor", afirma o diretor geral e criador do evento, Leandro Knopfholz.
O Casamento, inclusive, repete sua estreia nacional em Curitiba. Há 15 anos, quando foi montada pela primeira vez, a peça que deu projeção para a companhia teve sua trajetória nacional impulsionada pelo Festival. "Isso foi muito importante para o espetáculo e para a própria companhia. A repercussão da estreia nos abriu muitos espaços Brasil afora", revela João Fonseca, diretor da peça.
Além das remontagens da Fodidos, que como o Festival completa 21 anos, a edição de 2012 traz outras seis estreias nacionais com assinatura de importantes realizadores brasileiros, dois deles de Curitiba: Márcio Abreu, criador da Companhia Brasileira de Teatro, que dirige De Verdade, com os atores cariocas Kika Kalache e Guilherme Piva, e Murilo Hauser, cineasta que dirige a também curitibana Pausa Companhia de Teatro em Ah, a Humanidade!, e Outras Exclamações, que reúne cinco peças curtas do dramaturgo americano Will Eno.
Completam a lista de estreias as peças Licht+Licht, da Companhia de Ópera Seca, com direção de Caetano Vilela; Eclipse, segunda incursão do Grupo Galpão, de Belo Horizonte, pela obra do autor russo Anton Tchékhov; A Peça do Casamento, dirigida por Pedro Brício; e Caravana Memórias de um Picadeiro.
Dirigida por Chico Pelúcio, também integrante do Galpão, Caravana é o novo espetáculo do Circo Roda, projeto circense criado em 2006 pelos grupos paulistas Pia Fraus e Parlapatões, responsável por DNA, um dos destaques da mostra principal do ano passado. Segundo Pelúcio, Caravana é uma grande homenagem ao circo e à cultura popular brasileira. "As memórias de um velho palhaço conduzem uma viagem através da arte, sonho e ilusões que o circo tem levado a tantos lugares do Brasil ao longo do tempo", define o diretor.
Internacionais
Também pela primeira vez em Curitiba, poderão ser conferidos três espetáculos internacionais que chegam para esta edição do Festival. Gargólios, da companhia britânica de Gerald Thomas; Music for Silent, show multimídia de Steven Severin, um dos fundadores da Siouxsie And The Banshees, uma das bandas mais importantes do movimento pós-punk britânico; e, por fim, Los Pájaros Muertos, espetáculo de rua da companhia espanhola La Veronal que reúne dança, arte e teatro em uma peça que representa o universo de Pablo Picasso. Músicos e dançarinos de Curitiba fazem parte da montagem que abre, oficialmente, o Festival no dia 28.