Há mais de uma década, Marlon Wayans ganhou fama como coroteirista e ator nos dois primeiros filmes da franquia Todo Mundo em Pânico, cujo mote era parodiar filmes de terror destinados a adolescentes.
A receita é a mesma em Inatividade Paranormal, que caçoa de vários filmes do gênero mas elege Atividade Paranormal como principal alvo. Ambos recorrem ao artifício do falso documentário, um clichê, para conferir uma dose extra de "realismo". Além da trama e dos personagens principais, a paródia retoma até o enquadramento de várias cenas do original.
Kisha (Essence Atkins) vai morar com Malcolm (Wayans), seu namorado, que instala câmeras pela casa para registrar a vida do casal. Como era de se esperar, as câmeras começam a captar atividades paranormais, o que leva o casal a chamar pitorescos "especialistas" no fenômeno, como um caça-fantasmas, um médium gay e um padre exorcista ex-presidiário e cocainômano.
O humor caro a Wayans vai muito além do escracho e mergulha em um infantilismo extremamente vulgar.
As piadas baseadas em flatulência percorrem o filme de ponta a ponta, mas o auge dessa obsessão escatológica acontece na cena em que Malcolm defeca sobre as cinzas do pai de Kisha acreditando que o espírito deste está assombrando a casa. Asqueroso.
A vulgaridade sobre sexo também é onipresente. Malcolm é estuprado pelo fantasma, simula uma orgia com bichos de pelúcia e recebe assédio contínuo do afetado médium. Além disso, abundam alusões ao sexo grupal todas totalmente fora de contexto e sem a menor graça.
O rosário de cretinices também inclui racismo. Logo no começo do filme, quando Kisha encoraja o marido a enfrentar os espíritos, ele responde algo como: "Isso é coisa de branco; nós, negros, saímos correndo".
Ofensivo e desagradável, Inatividade Paranormal só pode agradar aos boçais.
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