Londres - Recovery ("recuperação"), o novo álbum do rapper norte-norte-americano Eminem, não poderia ter título mais apropriado para uma indústria musical cujas vendas estão em queda alarmante neste ano. O sétimo álbum gravado em estúdio pelo rapper de Detroit chega às lojas na segunda-feira, um dia antes do planejado, depois de faixas terem vazado para a internet, e uma semana após o lançamento do álbum de estreia do canadense Drake, Thank Me Later, também previsto para ter vendas fortes.
Mas é pouco provável que Eminem e Drake consigam reverter por muito tempo o clima de pessimismo na indústria musical, em queda há dez anos. As vendas de álbuns físicos e digitais nos EUA caíram 11% em junho em relação a junho do ano passado. Para agravar esse quadro, o boom recente de turnês musicais, explorado por bandas e gravadoras, está dando sinais de fraqueza em função dos altos preços dos ingressos e do clima de incerteza econômica, e as vendas digitais estão crescendo menos do que antes.
De acordo com a Nielsen SoundScan, que acompanha as vendas, 4,98 milhões de álbuns foram vendidos na semana que terminou em 30 de maio, possivelmente a cifra mais baixa desde o início dos anos 1970. A título de comparação, o recorde de vendas de álbuns em uma semana, marcado em dezembro de 2000, foi de 45,4 milhões de unidades. Analistas preveem que o disco de Drake será um dos maiores lançamentos do ano, e o de Eminem, outro previsto para ter ótimas vendas, sai logo após o de Drake.
Concorrência ilegal
Embora as gravadoras grandes e as independentes estejam apostando seu futuro na música digital, quer se tratem de modelos de acesso ou propriedade real, elas não podem se dar ao luxo de desistir das vendas físicas, responsáveis por cerca de 70% de suas receitas. "O formato físico está em declínio, mas acho que não vai desaparecer", disse Ed Christman, que acompanha as vendas musicais para a publicação especializada Billboard.
Embora ainda sejam relativamente pequenas em termos de receita para as gravadoras, o digital streaming, os downloads, as assinaturas on-line e a publicidade são vistos como cruciais para o futuro da indústria. "A receita é pequena, mas é uma receita", disse um executivo de grande gravadora. "Lembre-se que 95% do mercado digital é ilegal. Se conseguirmos ampliar bastante esses 5%, teremos um futuro."
A curto prazo, todas as atenções estarão voltadas a Eminem, um dos artistas de maiores vendas da década passada e que já disse em entrevistas para promover Recovery que superou sua dependência de medicamentos e está mais sóbrio e tolerante do que era. Ainda não se sabe se essa imagem de bom moço vai agradar a seus fãs.
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